quinta-feira, 31 de agosto de 2017

África como referência e a cor como metáfora: arte e afro-brasilidade na sala de aula


África como referência e a cor como metáfora: arte e afro-brasilidade na sala de aula

Público-alvo: Professores do ensino fundamental, médio, superior e demais interessados
Objetivo: Incentivar a implementação da lei federal nº 10.639/03, que instituiu a inclusão da história da África e da cultura afro-brasileira no currículo escolar obrigatório; discutir as relações entre arte e afro-brasilidade, com ênfase na dimensão estética presente nas religiões de matrizes africanas e sua ressonância na arte contemporânea brasileira; os conteúdos serão abordados com base em textos pontuais, de caráter conceitual; exibição de slides; projeção de material audiovisual; atividades práticas de leitura de imagens (obras dos artistas selecionados).
Conteúdo: Novas gerações, outros paradigmas: contextualização histórica da lei nº 10.639/03; diáspora africana nas Américas negras (sécs. XVI e XIX); arte negra, arte afro-brasileira ou arte afrodescendente; a mitologia afro-brasileira como potencial simbólico e criativo: do sagrado artístico à recriação plástica de Mestre Didi; de olhos voltados para o mundo: Rubem Valentim e sua “riscadura” geométrica; arte e afro-brasilidade hoje: artistas, temas e espaços expositivos. Palestrante convidada: Solange Nascimento Ardila: Licenciada em Artes Plásticas; especialização em Fundamentos da Cultura e das Artes; Mestranda no Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte/USP
Professor: Milton Silva dos Santos
Doutor em Antropologia Social, com pesquisa sobre religião, educação e sociedade; foi professor-formador na III edição do Projeto A Cor da Cultura (Canal Futura/ONG Ação Educativa); ex-integrante dos Núcleos de Educação e Pesquisa do Museu Afro Brasil; ministrou diversas atividades de formação continuada de professores, sobre arte, cultura e religiosidade afro-brasileira nos currículos escolares; autor participante da coletânea Culturas africanas e afro-brasileiras em sala de aula: saberes para os professores, fazeres para os alunos(Fino Traço Editora), obra selecionada pelo Programa Nacional das Bibliotecas Escolares (MEC/PNBE).
Período: 5, 12, 19, 26 de setembro, das 19h às 22h
Carga horária: 12 horas
Número de vagas: 20
Preço: sindicalizados - R$ 156,00 | não-sindicalizados - R$ 312,00
Confira o conteúdo de cada curso nos links. A inscrição pode ser feita por telefone (5080-5974 ou 5080-5988) ou na sede do Sindicato (Rua Borges Lagoa, 208, Vila Clementino), de segunda a sexta, das 8h30 às 17h30.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Física e Ética em Epicuro (04/09)

A filosofia de Epicuro pretende nos preparar para vivermos de acordo com a Natureza e obtermos a saúde da alma. Para isso, é necessário investigarmos a Natureza a partir da sensação e por meio do raciocínio de que “nada nasce do nada” e que “o universo é formado de corpos e de vazio”. Por feito, a alma de quem é sábio deixa de ser perturbada pelos fenômenos da Natureza e pela ideia da morte (ao contrário da alma de quem é insensato, que obedece às vãs opiniões e, por isso, está em constante agitação). Ao contemplar o que é agora, será e sempre foi no tempo transcorrido, o sábio desfruta da sua existência, se basta a si mesmo, vive feliz, sem infinitos desejos e temores.

* O curso é destinado a interessados em geral e não é necessário ter conhecimento prévio para se inscrever.
* Haverá certificado de participação.
* Cada aula é dividida em três partes: na primeira parte, exposição dos conceitos; na segunda parte, perguntas dos alunos; na terceira parte, exposição dos conceitos.
* Os alunos receberão por e-mail os áudios das aulas.

Aula 1: Canônica: as sensações, as antecipações e as afecções.

Aula 2: Física (parte 1): as propriedades e os movimentos dos átomos; o espaço (lugar, vazio, intervalo, extensão infinita); os corpos compostos e suas qualidades; a linguagem e a comunicação.

Aula 3: Física (parte 2): os fenômenos celestes; a alma e o espírito; a formação das sensações; os simulacros. 

Aula 4: Ética: os prazeres e a hierarquia dos desejos; a vida sábia e a saúde verdadeira.

Início: 04 de Setembro de 2017
Duração: 4 aulas, às segundas, de 04/09 a 25/09
Horário: das 20h às 22h

Valor do curso: R$ 200,00. O pagamento é feito no local do curso, na primeira aula. Opções de pagamento: cartão de crédito/débito, cheque ou dinheiro. Há também opção de parcelamento em até 10x no cartão (com juros). Para efetuar o pagamento por esta opção, clique aqui

INSCRIÇÕES: entre em contato com filosofia@amauriferreira.com e informe o nome completo e e-mail. Vagas limitadas
 
AMAURI FERREIRA é filósofo, escritor e professor. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia e palestras em diversos espaços culturais e instituições de ensino. É autor do livro Singularidades Criadoras. É também autor de livros e artigos sobre a filosofia de Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: www.amauriferreira.com

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Negócio de menino com menina - Ivan Ângelo. O ladrão de sonhos e outras histórias (Sala de Aula)



Negócio de menino com menina

O menino, de uns dez anos, pés no chão, vinha andando pela estrada de terra da fazenda com a gaiola na mão. Sol forte de uma hora da tarde. A menina de uns nove anos ia de carro com o pai, novo dono da fazenda. Gente de São Paulo. Ela viu o passarinho na gaiola e pediu ao pai:
– Olha que lindo! Compra pra mim?
O homem parou o carro e chamou:
– Ô menino.
O menino voltou, chegou perto, carinha boa. Parou do lado da janela da menina. O homem:
– Este passarinho é pra vender?
– Não senhor.
O pai olhou para a filha com uma cara de deixa pra lá. A filha pediu suave como se o pai tudo pudesse:
– Fala pra ele vender.
O pai, mais para atendê-la, apenas intermediário:
– Quanto você quer pelo passarinho?
– Não tou vendendo não senhor.
A menina ficou decepcionada e segredou:
– Ah, pai, compra.
Ela não considerava, ou não aprendera ainda, que negócio só se faz quando existe um vendedor e um comprador. No caso, faltava o vendedor. Mas o pai era um homem de negócios, águia da Bolsa, acostumado a encorajar os mais hesitantes ou a virar a cabeça dos mais recalcitrantes:
– Dou dez mil.
– Não senhor.
– Vinte mil.
– Vendo não.
O homem meteu a mão no bolso, tirou o dinheiro, mostrou três notas, irritado.
– Trinta mil.
– Não tou vendendo, não, senhor.
O homem resmungou “que menino chato” e falou pra filha:
– Ele não quer vender. Paciência.
A filha, baixinho, indiferente às impossibilidades da transação:
– Mas eu queria. Olha que bonitinho.
O homem olhou a menina, a gaiola, a roupa encardida do menino, com um rasgo na manga, o rosto vermelho de sol.
– Deixa comigo.
Levantou-se, deu meia volta, foi até lá. A menina procurava intimidade com o passarinho, dedinho nas gretas da gaiola.
O homem, maneiro, estudando o adversário:
– Qual é o nome deste passarinho?
– Ainda não botei nome nele, não. Peguei ele agora.
O homem, quase impaciente:
– Não perguntei se ele é batizado não, menino. É pintassilgo, é sábia, é o quê?
– Aaaah. É bico-de-lacre.
A menina, pela primeira vez, falou com o menino:
– Ele vai crescer?
O menino parou os olhos pretos nos olhos azuis.
– Cresce nada. Ele é assim mesmo, pequenininho.
O homem:
– Canta?
– Canta nada. Só faz chiar assim.
– Passarinho besta, hein?
– É. Não presta pra nada. É só bonito.
– Você pegou ele dentro da fazenda?
– É. Aí no mato.
– Essa fazenda é minha. Tudo que tem nela é meu.
O menino segurou com mais força a alça da gaiola, ajudou com a outra mão nas grades. O homem achou que estava na hora e falou já botando a mão na gaiola, dinheiro na outra mão.
– Dou quarenta mil! Toma aqui.
– Não senhor, muito obrigado.
O homem, meio mandão:
– Vende isso logo, menino. Não tá vendo que é pra menina?
– Não, não tou vendendo não.
– Cinquenta mil! Toma! – e puxou a gaiola.
Com cinquenta mil se comprava um saco de feijão, ou dois pares de sapatos, ou uma bicicleta velha.
O menino resistiu, segurando a gaiola, voz trêmula.
– Quero não senhor. Tou vendendo não.
– Não vende por que, hein? Por quê?
O menino acuado, tentado explicar:
– É que eu demorei a manhã todinha pra pegar ele e tou com fome e com sede, e queria ter ele mais um pouquinho. Mostrar pra mamãe.
O homem voltou para o carro, nervoso. Bateu a porta, culpando a filha pelo aborrecimento.
– Viu o que dá mexer com essa gente? É tudo ignorante, filha. Vam’bora.
O menino chegou pertinho da menina e falou baixo, para só ela ouvir:
– Amanhã eu dou ele pra você.
Ela sorriu e compreendeu.

Ivan Ângelo. O ladrão de sonhos e outras histórias.
São Paulo: Ática, 1994. p 9-11
































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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Fika a Dika - Por um Mundo Melhor: Dicas que Facilitam a Sua Vida

Fika a Dika - Por um Mundo Melhor: Dicas que Facilitam a Sua Vida: Estarei dando ideias de coisas que irão facilitar sua vida. Coisas do tipo: Por que não pensei nisso antes? Quer pregar um prego sem ...

domingo, 6 de agosto de 2017

Prêmio Nobel Doméstico



Como é conhecido de alguns, minha mãe de criação não foi formalmente apresentada às letras; portanto, não sabe ler e escrever e, por isso, guarda, para as palavras escritas, aquele respeito que se tem ante ao mágico e desconhecido. Ela lutou, a vida toda, para que todos aqueles muitos filhos e filhas, dela e de outros – que coube-lhe criar e educar –, frequentassem as cadeiras escolares e aprendessem o que ela quis e não pôde deter: a leitura. Desde que chegou aqui em casa, indaga-me sobre um livro de antologia, no qual, 20 poucos anos atrás, saíram três textos ruins de minha autoria. Dói só de lembrar. A “façanha literária” hoje frequenta algum lugar esquecido da minha estante. Como eu me recusara a procurar o livro, para que ela, tendo-o à mão, pudesse seguir exibindo orgulhosa o “enorme talento” do sobrinho “poeta”, ela, hoje, parou em frente à estante, contemplando-a. Vi, pelo canto do olho, que que tia Hilda tateava, com os olhos, as várias lombadas dos muitos livros para reconhecer o seu troféu de mãe que tem um filho “escritor”. Levantei, caminhei até ali e retirei o livro do lugar onde foi por mim esquecido – mas, por ela, não. Entreguei-lhe enquanto ela me dizia: “é que essa sua poesia mexe comigo”. Ganhei o domingo, claro: numa estante frequentada por Drummond, Bandeira, Dostoievski, Shakespeare e tantos outros, ser o autor preferido de alguém mexe com os brios de qualquer um. Quem precisa de Prêmio Nobel quando já tem uma tia-mãe-fã?
 Itanhaém (SP), 6 de agosto de 2017.