Estamos nos preparando para a Semana de Artes da USP. Neste ano, estarei viajando durante o evento. Mas participarei em duas frentes. Com o Grupo Éramos 12, numa apresentação performática que inclui música, imagens e textos, e com o aluno de pós-graduação e excelente fotógrafo Bruno Garcia. Para o Éramos 12 fui convidado a escrever um texto que falasse da chegada do europeu ao Brasil, da sua tentativa de escravizar o índio e da substituição do elemento indígena pelo negro africano no processo de mão-de-obra escrava. Escrevi o que segue:
Aula de História
a Éramos 12
Quando o europeu chegou, o índio o recebeu de braços abertos: foi amigo, foi gentil, foi bom anfitrião.
A terra era grande e muita, cabia a todos -- e todos eram irmãos.
Mas o branco europeu não queria amigos, não amava a terra, não queria comunhão.
Só pensava em dinheiro, só pensava em lucro, só queria servidão.
O índio percebeu, resistiu, muito lutou, muito morreu, mas não aceitou submissão.
O europeu não foi fácil, não desistiu, não: insistiu e perseguiu -- e criou muita confusão.
Porém, viu que o índio era livre e buscou outra solução.
Atravessou os mares e, sem respeito e sem compaixão, prendeu o negro africano e reinventou a escravidão.
Triste, de longe, com dor no coração, o índio aprendeu desiludido uma preciosa lição:
selvagem não era o índio -- selvagem era a civilização.
Jorge de Lima
Nenhum comentário:
Postar um comentário