Aguibriel e Noquilau
Aguibriel era um rapaz forte e
muito inteligente. Ele vivia em uma colina chamada Guaraná e tinha mais de 30
irmãos e irmãs. Por isso, a escola era a própria casa onde eles moravam. Assim,
os irmãos não precisavam nem sair de casa: os professores é que iam até o lar
de Aguibriel para darem aula.
A maioria dos professores era
dali mesmo das redondezas: gostavam do lugar e gostavam de dar aula.
Um dia, porém, chegou um
professor forasteiro, vindo de uma cidade distante e muito, muito, muito
grande. Ele não conhecia ninguém e passou a morar por ali, sozinho, tendo
apenas a companhia de um gato fofinho chamado Noquilau e um pato esperto chamado
Wandeco – que sabia tabuada de cor.
Todos os dias, o professor
forasteiro preparava uma aula nova. Apesar de fazer isso regularmente, era uma
tarefa muito difícil, pois cada irmão de Aguibriel tinha uma idade diferente e também
tinha uma dificuldade diferente.
Para piorar, nem todos os irmãos
de Aguibriel gostavam de ter aulas: o sonho de alguns era que todos os
professores faltassem para que eles pudessem passar o dia inteiro olhando as
nuvens flutuando no céu azul. Eles não tinham medo do futuro: achavam que o
futuro nunca viria e que eles permaneceriam crianças a vida inteira – sempre morando
com os pais: Sr. Arry e Dona Forcelinha.
Um dia, Noquilau, não querendo
ficar em casa sozinho, fugiu, seguindo o professor até que ele chegasse à
casa-escola de Aguibriel. Escondido chegou, escondido ficou. Aproveitou para
olhar bem para todas as crianças, para conhece-las uma por uma. Também prestou
bastante atenção à aula dos professores.
– Que interessante – pensou ele.
– Quanta coisa legal se pode
aprender assistindo aulas.
Assim pensou e assim fez. Todos
os dias, Noquilau vinha assistir as aulas e depois voltava para casa. Um dia,
que estava chuvoso, ele preferiu não voltar e resolver ficar por ali mesmo. E
no dia seguinte, também não voltou. Aguibriel o achou e resolveu cuidar dele,
dando-lhe um pires com leite. O gato agradeceu:
– Muito obrigado.
Aguibriel não estranhou, pois,
sabendo que Noquilau assistia as aulas e prestava atenção em tudo, era natural
que fosse gentil e educado. O professor notou a ausência de Noquilau. Na
verdade, ele já havia percebido que o bichano assistia as aulas escondido e
nada fez, pois sabia que o gato era inteligente e gostava muito de aprender.
Noquilau, por sua vez, entendia
que não poderia receber uma aula exclusiva e só para ele; então, quando o
assunto ficava muito monótono, ele dava umas cochiladas e nunca atrapalhava a
aula. Por isso, o professor não se importou de tê-lo na classe – apenas ficou
triste quando o gato resolveu trocar a casa dele pela escola-casa de Aguibriel. Por sorte, ele ainda tinha a
companhia do esperto pato Wandeco...
Moral da
história: o aprendizado é libertador.
Jorge de Lima,
Itanhaém. 12/10/2017.
3 comentários:
Parabéns Jorge, amei o texto. Bruna.
Obrigadão,Bruna.
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