quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Brieli e a Pata Merenda



Brieli e a Pata Merenda

– Aquela escola era diferente – todo mundo dizia.

Primeiro, que podia ser frequentada por alunos e por bichos das fazendas próximas. Segundo, porque ninguém repetia de ano. Quer dizer, quase ninguém repetia. Pois não é que teve uma vez que uma aluna foi reprovada! E não era uma aluna qualquer, não: era uma pata muito inteligente e muito tagarela!

A pata se chamava Merenda e o nome não poderia ser melhor: ela só ia para a escola por causa da hora do lanche. O único dia que ela não comia nada era quando serviam frango: Merenda sempre se lembrava de suas parentas penosas e ficava com um pequeno remorso.

Na sala de aula, Merenda passava o dia todo conversando com Brielli, uma menina muito bonitinha e muito distraída. Todos os professores gostavam de Brieli, mas viviam dizendo à aluna que não olhasse para trás e não prestasse tanta atenção nas conversas intermináveis da pata Merenda:

– Acontece que o Calavans é um cavalo muito charmoso que anda arrastando a asa para o meu lado...

– Já o Leoca é um gato muito sabidão. Agora que quebrou uma asa, vive me pedindo para fazer-lhe companhia, pois não pode vir à escola.

– Minha prima Alen disse que vai ser modelo e manequim na cidade grande. Imagina, magra do jeito que ela é...

Merenda sempre contava vantagem, se esquecendo de detalhes básicos, como, por exemplo, de que cavalos não namoram patas... ou de que gatos não têm asas para quebrar...

Brieli, que era uma menina inocente, acreditava em todas as histórias de Merenda. E, claro, perdia aulas inteiras ouvindo a pata tagarelar.

Uma certa semana, sem perceber, Brieli deixou de responder todas as perguntas de todas as provas em todas as aulas. Foi um fiasco. A mãe dela, dona Tita Gil, ficou uma fera! Ela também era professora e não gostou nenhum pouquinho de saber que a filha não andava prestando atenção às aulas. A pequena teve que ficar sozinha um mês inteiro, estudando feito uma condenada, para poder fazer novas provas e conseguir tirar notas boas.

– Ufa! Que sufoco!

Já a pata Merenda, que nunca ouvia os conselhos da mãe – aliás, que nunca ouvia os conselhos de ninguém, pois estava sempre ocupada falando, falando, falando – acabou sendo reprovada com honra e mérito: a pior aluna de todos os tempos da escola! Foi uma vergonha para Dona Suzilete, que deixou a filha um mês inteiro sem abrir o bico.

Moral da história: Falar é bom, mas aprender é melhor.


Jorge de Lima, Itanhaém. 12/10/2017.


2 comentários:

Unknown disse...

Professor jorge de lima adorei esse texto que vc passou na minha classe 6 ano e, esse texto é muito legal aqui quem fala e vi iane vitoria do 6 ano e

Jorge de Lima disse...

Muito obrigado. Mas, eu não tenho nenhuma aluna chamada Vilma... Abração.