Brieli e a Pata Merenda
– Aquela escola era diferente –
todo mundo dizia.
Primeiro, que podia ser
frequentada por alunos e por bichos das fazendas próximas. Segundo, porque
ninguém repetia de ano. Quer dizer, quase ninguém repetia. Pois não é que teve uma
vez que uma aluna foi reprovada! E não era uma aluna qualquer, não: era uma
pata muito inteligente e muito tagarela!
A pata se chamava Merenda e o
nome não poderia ser melhor: ela só ia para a escola por causa da hora do
lanche. O único dia que ela não comia nada era quando serviam frango: Merenda
sempre se lembrava de suas parentas penosas e ficava com um pequeno remorso.
Na sala de aula, Merenda passava
o dia todo conversando com Brielli, uma menina muito bonitinha e muito
distraída. Todos os professores gostavam de Brieli, mas viviam dizendo à aluna
que não olhasse para trás e não prestasse tanta atenção nas conversas
intermináveis da pata Merenda:
– Acontece que o Calavans é um
cavalo muito charmoso que anda arrastando a asa
para o meu lado...
– Já o Leoca é um gato muito
sabidão. Agora que quebrou uma asa,
vive me pedindo para fazer-lhe companhia, pois não pode vir à escola.
– Minha prima Alen disse que vai
ser modelo e manequim na cidade grande. Imagina, magra do jeito que ela é...
Merenda sempre contava vantagem,
se esquecendo de detalhes básicos, como, por exemplo, de que cavalos não
namoram patas... ou de que gatos não têm asas para quebrar...
Brieli, que era uma menina
inocente, acreditava em todas as histórias de Merenda. E, claro, perdia aulas
inteiras ouvindo a pata tagarelar.
Uma certa semana, sem perceber,
Brieli deixou de responder todas as perguntas de todas as provas em todas as
aulas. Foi um fiasco. A mãe dela, dona Tita Gil, ficou uma fera! Ela também era
professora e não gostou nenhum pouquinho de saber que a filha não andava
prestando atenção às aulas. A pequena teve que ficar sozinha um mês inteiro,
estudando feito uma condenada, para poder fazer novas provas e conseguir tirar
notas boas.
– Ufa! Que sufoco!
Já a pata Merenda, que nunca
ouvia os conselhos da mãe – aliás, que nunca ouvia os conselhos de ninguém,
pois estava sempre ocupada falando, falando, falando – acabou sendo reprovada
com honra e mérito: a pior aluna de todos os tempos da escola! Foi uma vergonha
para Dona Suzilete, que deixou a filha um mês inteiro sem abrir o bico.
Moral da história: Falar é bom, mas aprender é melhor.
Jorge de Lima,
Itanhaém. 12/10/2017.
2 comentários:
Professor jorge de lima adorei esse texto que vc passou na minha classe 6 ano e, esse texto é muito legal aqui quem fala e vi iane vitoria do 6 ano e
Muito obrigado. Mas, eu não tenho nenhuma aluna chamada Vilma... Abração.
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