UNIVESP
– Curso de Pedagogia
Disciplina: Educação Mediada por
Tecnologias I
Semana
6 - Educação no espaço virtual
joralimaTEXTO
Os objetivos dessa semana são:
1. Entender o que é educação no
espaço virtual;
2. Compreender as possibilidades do
virtual para a aprendizagem;
3. Refletir sobre o papel do
professor perante os diversos acessos à informação.
Vídeo-base - 1
Aplicação dos
estilos de aprendizagem em ambientes virtuais
Profa.
Daniela Melaré Vieira Barros (Universidade Aberta de Lisboa)
Estilos
de aprendizagem e ambientes de aprendizagem. Ambientes de aprendizagens são
mais do que os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Há os cenários de
aprendizagem. O tema de estilos de aprendizagem não é apenas uma teoria dentro
da psicologia. O que são estilos de aprendizagem? Centralidade do estudante na
questão. Definição clássica: estilos de aprendizagem são traços cognitivos,
afetivos e fisiológicos que servem como indicadores de como os alunos percebem,
interagem e respondem a seus ambientes de aprendizagem. Não são uma metodologia
e não dizem respeito às inteligências múltiplas. Há várias tipologia e
denominações do que sejam estilos de aprendizagem. São a forma como as pessoas
aprendem, podem se modificar ao longo da vida, a depender dos contextos (local
de trabalho, momento da vida...). Quatro estilos: ativo, reflexivo, teórico e
pragmático. Estilos de uso do espaço virtual: forma como as pessoas aprendem no
on-line. O termo “uso” aqui pressupõe
as ferramentas e as ações das pessoas no virtual. Facilita na hora de organizar
estratégias didáticas para os espaços on-line.
Estilos de coaprendizagem. As dinâmicas das redes estão voltadas para o
trabalho colaborativo. Como as pessoas trabalham e aprendem juntas. As redes
proporcionam inúmeras possibilidades, de modo que o grande problema,
atualmente, é como as pessoas sistematizam essas possibilidades. Aprender
melhor é o grande objetivo da teoria em apreço. Processo de interação
pedagógica.
Vídeo-base - 2
Estilos de
aprendizagem
Daniela
Melaré Vieira Barros
Conceitos,
características e elementos. A teoria dos estilos começou nos EUA, na
psicologia e no mercado de trabalho. Não são determinantes, podem ser
flexíveis. Não são a mesma coisa que os estilos cognitivos. O ponto central é
que a teoria não busca identificar no indivíduo qual seja seu estilo
predominante, mas sim identificar quais são os estilos não predominantes, pois,
a partir disso, será possível ampliar e desenvolver estratégicas pedagógicas
para aumentar a competência de aprendizagem da pessoa. Portanto, não serve para
rotular a pessoa. Serve para aspectos pedagógicos.
Como
se pode identificar o seu estilo de aprendizagem? O meio mais utilizado é um
questionário de estilos de aprendizagem, que tem perfil mais social, com
identificação pedagógica dos estilos. Convite para preencher o questionário e
conhecer o próprio estilo.
Vídeo de apoio
Ensino híbrido –
personalização e tecnologia na educação | Fundação Lemann
Animação
com locução em off. Personalização e
tecnologia na educação. A tecnologia como facilitadora e possibilitadora do
ensino. O ensino de um para muitos
não considera que os alunos aprendem de maneiras diferentes. No ensino híbrido,
há o aprendizado na escola e, também, on-line,
com informações personalizadas sobre o aprendizado dos alunos.
Atividade para avaliação
Pensando
na sua rotina como estudante, escolha um tema estudado em alguma disciplina do
curso até o momento e faça um vídeo de até 5 minutos explicando sua importância
para o futuro professor. O objetivo desta atividade é que você vivencie novas
formas de ensinar e participar do processo de aprendizado de seus futuros
alunos. O vídeo pode ser feito utilizando um aplicativo de edição de vídeo,
como o movie maker, ou você pode
utilizar a câmera do seu celular. Como o sistema da UNIVESP tem uma limitação
de tamanho do arquivo que pode ser enviado, sugerimos que você suba o vídeo no
próprio Youtube e suba no AVA um arquivo PDF contendo o link de seu vídeo.
Para
a avaliação desta atividade, serão levados em conta:
Clareza
na explicação – 3 pontos de 10.
Coesão
– 4 pontos de 10.
Construção
da argumentação – 3 pontos de 10.
Fichamento
de textos
1.
Hugo
Assmann. A metamorfose do aprender na sociedade
da informação. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 2, p. 7-15, maio/ago. 2000.
Introdução
A
espécie humana alcançou hoje uma fase evolutiva inédita na qual os aspectos
cognitivo e relacional da convivialidade humana se metamorfoseiam com rapidez
nunca antes experimentada. Isso se deve em parte à função mediadora, quase
onipresente, dessas novas tecnologias (...). As novas tecnologias não
substituirão o professor, nem diminuirão o esforço disciplinado do estudo.
Elas, porém, ajudam a intensificar o pensamento complexo, interativo e
transversal, criando novas chances para a sensibilidade solidária no interior
das próprias formas do conhecimento.
O tema específico
deste artigo e os muitos temas conexos
A
expansão incrível das linguagens digitais levou ao aparecimento explícito de
sua incompletude (...). Em muitos ambientes escolares, persiste o receio
preconceituoso de que a mídia despersonaliza, anestesia as consciências e é uma
ameaça à subjetividade. A resistência de muitos professores a usar soltamente
as novas tecnologias na pesquisa pessoal e na sala de aula tem muito a ver com
a insegurança derivada do falso receio de estar sendo superado/a, no plano
cognitivo, pelos recursos instrumentais da informática (...). A função do
professor competente não só não está ameaçada, mas aumenta em importância. Seu
novo papel já não será o da transmissão de saberes supostamente prontos, mas o
de mentores e instigadores ativos de uma nova dinâmica de pesquisa-aprendizagem
(...). A expressão “sociedade da informação” deve ser entendida como [resumo]
(discutível!) de um aspecto da sociedade: o da presença cada vez mais acentuada
das novas tecnologias da informação e da comunicação. Serve para chamar a
atenção a este aspecto importante. Não serve para caracterizar a sociedade em
seus aspectos relacionais mais fundamentais. Do conceito de sociedade da
informação, passou-se, por vezes sem as convenientes cautelas teóricas, ao de Knowledge Society (Sociedade do
Conhecimento) e Learning Society
(Sociedade Aprendente). Em francês alguns falam em Societé Cognitive. []Portanto,] parece haver alguma conveniência
para admitir, em português, a expressão sociedade
aprendente. Nas teorias de gerenciamento empresarial, alastra-se o discurso
sobre learning organisations
(organizações aprendentes - cf. Peter Senge e outros).
Em
primeiro lugar, é fundamental estabelecer uma distinção clara entre dados,
informação e conhecimento. Do nosso ponto de vista, a produção de dados não
estruturados não conduz automaticamente à criação de informação, da mesma forma
que nem toda a informação é sinónimo de conhecimento. Toda a informação pode
ser classificada, analisada, estudada e processada de qualquer outra forma a
fim de gerar saber. Nesta acepção, tanto os dados como a informação são
comparáveis às matérias-primas que a indústria transforma em bens.
No
futuro, poderão existir modelos diferentes de sociedades da informação, tal
como hoje existem diferentes modelos de sociedades industrializadas. Esses
modelos podem divergir na medida em que evitam a exclusão social e criam novas
oportunidades para os desfavorecidos. A importância da dimensão social
caracteriza o modelo europeu. Este modelo deverá também estar imbuído de uma
forte ética de solidariedade (...). É fundamental considerar a sociedade da
informação como uma sociedade da aprendizagem. O processo de aprendizagem já
não se limita ao período de escolaridade tradicional (...). O caráter
democrático da sociedade da informação deve ser reforçado. Por isso, não é
legítimo abandonar os mais desprotegidos e deixar criar uma classe de
infoexcluídos. É imprescindível promover o acesso universal à infoalfabetização
e à infocompetência
Tecnologias
versáteis facilitam aprendizagens complexas e cooperativas
As
novas tecnologias da informação e da comunicação já não são meros instrumentos
no sentido técnico tradicional, mas feixes de propriedades ativas. São algo
tecnologicamente novo e diferente. As tecnologias tradicionais serviam como
instrumentos para aumentar o alcance dos sentidos (braço, visão, movimento
etc.). As novas tecnologias ampliam o potencial cognitivo do ser humano (seu
cérebro/mente) e possibilitam mixagens cognitivas complexas e cooperativas
(...). Para evitar mal-entendidos, é importante prevenir: a crítica à razão
instrumental continua sendo um desafio permanente. Nada de redução do Lógos à Techné. Mas, doravante, já não haverá instituição do Lógos sem a cooperação da Techné (...). Isto significa que as
tecnologias da informação e da comunicação se transformaram em elemento
constituinte (e até instituinte) das nossas formas de ver e organizar o mundo.
Aliás, as técnicas criadas pelos homens sempre passaram a ser parte das suas
visões de mundo. Isto não é novo. O que há de novo e inédito com as tecnologias
da informação e da comunicação é a parceria cognitiva que elas estão começando
a exercer na relação que o aprendente estabelece com elas (...). Essas coisas
devem parecer bastante estranhas, ou não ter nenhum sentido, para quem usa o
computador apenas como uma espécie de máquina de escrever incrementada com
alguns recursos a mais. Talvez já comecem, porém, a fazer sentido para quem
redige textos com abundante manejo de mixagem redacional que inclui
deslocamentos de porções de texto, recurso constante a muitos arquivos,
abertura de multitelas, uso simultâneo da internet etc. [E] aumentará de sentido
para quem é cibernauta, isto é, navegante mais ou menos assíduo da internet,
pesquisando com os robôs de busca no ciberespaço transformado em imensa
biblioteca virtual escancarada, incrivelmente versátil e cada vez mais
ilimitada.
Hipertextualidade:
a chance do estudo criativo
Como
conceito de conectividade relacional mediada pela tecnologia, podemos definir a
hipertextualidade como um vasto conjunto de interfaces comunicativas,
disponibilizadas nas redes telemáticas. No interior de cada hipertexto,
deparamo-nos com um conjunto de nós interligados por conexões, nas quais os
pontos de entrada podem ser palavras, imagens, ícones e tramações de contatos
multidirecionais (links). É
importante destacar que o hipertexto contém geralmente suficientes garantias de
retorno para que os sujeitos interagentes não se percam e se sintam seguros em
sua navegação (...). A tecnologia do hipertexto e a sucessiva incrementação de
sua dinâmica interna criaram uma enorme facilidade para a pesquisa criativa,
porque transformaram os modos de tratar, acessar e construir o conhecimento.
A passagem a um
paradigma cooperativo do conhecimento
Um
dos aspectos mais fascinantes da era das redes é a transformação profunda do
papel da memória ativa dos aprendentes na construção do conhecimento. Mediante
o uso de memórias eletrônicas hipertextuais, que podem ser consideradas como
uma espécie de prótese externa do agente cognitivo humano, os aprendentes se veem
confrontados com uma situação profundamente desafiadora: o recurso livre e
criativo a essa ampla memória externa pode liberar energias para o cultivo de
uma memória vivencial autônoma e personalizada, que sabe escolher o que lhe
interessa; por outra parte, os que forem preguiçosos e pouco criativos correm o
risco de absorver passivamente nada mais que fragmentos dispersos de um
universo informativo no qual há de tudo (...). As redes funcionam como
estruturas cognitivas interativas pelo fato de terem características
hipertextuais e pela interferência possível do conhecimento que outras pessoas
construíram ou estão construindo. Com isso, o aprendente pode assumir o papel
de verdadeiro gestor dos seus processos de aprendizagem.
O agenciamento
cooperativo dos campos do sentido
[Segundo]
Jo Link-Pezet: “para Piaget, o conhecimento acontece no momento em que o
pensamento lógico do racionalismo e a experiência sensorial se encontram em um
processo dialético e dinâmico do pensamento, no qual essa dualidade coexiste.
Essas duas visões se coespecificam uma a outra em um movimento de vaivém,
superando a rigidez do pensamento cartesiano e pondo em evidência a relação
constitutiva que existe entre o homem e o seu ambiente, entre o sujeito (que
conhece) e aquilo que é conhecido (objeto do conhecimento), entre o homem, seu
corpo e sua experiência”. Esta é uma descrição (...) bastante fiel do ponto no
qual se estagnou o construtivismo de Piaget (...). Dentro de uma certa
continuidade, mas também com alguns lances de ruptura com o pensamento
construtivista piagetiano, surgiram várias propostas inovadoras acerca da
morfogênese do conhecimento (...). Cabe mencionar agora, de passagem, a direção
para a qual se orientam as contribuições do assim chamado pensamento
pós-formal. Ele busca abordar certos aspectos que rompem com as concepções
racionalistas de construção do conhecimento. A ênfase é posta, agora, nos
aspectos aleatórios, nas turbulências neuronais, nas perturbações imprevistas
da atenção, nos elementos de indeterminação, enfim, na dinâmica de constante
mudança propiciada por novelos de retroalimentação, que acontecem efetivamente
em nosso sistema neuronal e que já podem ser simulados parcialmente por
máquinas inteligentes.
A experiência da
superação da escassez
A
experiência da abundância e da liberdade de escolha no que se refere à música,
à televisão e que aos poucos se estende também a outras tecnologias
informacionais passou a fazer parte do cotidiano de muitíssima gente. Trata-se
de um tipo de experiência de superação da escassez. As pessoas com razoáveis ingressos
estão expandindo rapidamente esta experiência a vários outros campos (...). Há
certamente continuidades, como sói acontecer (p. ex. a “janelização” continua
ainda tecnicamente imprescindível para estabelecer conexões (links)
telemáticos). O próprio “fim da escassez” é uma característica aplicável apenas
a alguns aspectos da cibercultura. Os mitos também fingiam uma certa superação
da escassez (p. ex. o mito da redenção). Mas as novas tecnologias nos oferecem
acessos não mediatizados por terceiros (sacerdotes, mestres etc.) à
superabundância da informação. Queremos explicitar um alerta crítico em relação
a um tecno-otimismo desvairado, que geralmente recai em visões gnósticas ou
platônicas de um mundo soberanamente auto-organizativo, com escassa previsão de
interferência ativa dos sujeitos humanos, alentados por uma sensibilidade
social conscientemente cultivada.
Parcerias
epistemológicas de alto nível
O
problema de fundo é de índole epistemológica e ética. Trata-se do problema do
controle humano (e neste sentido, “racional”) das decisões e julgamentos que –
como já o velho Kant sabia muito bem – aparecem no interior da própria
constituição das formas (da morfogênese) do conhecimento. De que podemos abrir
mão, e que não deveríamos delegar jamais, à parceria ativa com máquinas
cognitivas? (...). Assim como, na Biônica, se tomaram as funções corporais como
modelo para novas técnicas, na Sociônica, se trata da questão de como é
possível tomar exemplos da vida social para desenvolver, a partir deles, novas
tecnologias computacionais (...). O debate parece deslocar-se explicitamente do
plano técnico e operacional (as formas de programação computacional) para o
campo das implicações filosóficas, éticas e políticas; ou seja: que tipo de
níveis decisórios não podem ser “delegados” à crescente “relativa autonomia
cognitiva” dos sistemas multiagentes eletrônicos.
2.
José
Moran. Novos desafios na educação: a Internet
na educação presencial e virtual. In: Tânia Maria E. Porto (org.). Saberes e Linguagens de educação e
comunicação. ed. da UFPel, Pelotas, 2001, páginas 19-44.
Novos desafios na
educação
Estão
acontecendo mudanças tão profundas na sociedade, que elas afetam também a
educação. Nunca tivemos tantas mudanças em todos os campos – na medicina, nas
ciências, no comportamento, e, também, na educação. Ela está sofrendo processos
sérios de gerenciamento, de avanço do particular e reorganização do público. Está
havendo pressão pela educação contínua, pela educação a distância. Isso nos
obriga a repensar os modelos pedagógicos que nós temos, aqueles modelos
centrados no professor, que começam a mudar, a ser mais participativos. Hoje,
começam a se aproximar metodologias, programas, tecnologias e gerenciamento,
tanto dos cursos presenciais como dos cursos a distância ou virtuais. Aos
poucos a educação vai-se tornando uma mistura de cursos, de sala de aula física
e também de intercâmbio virtual. Há um processo de aproximação (...). Nós temos
que pensar sobre como dar aula. É desafiador. Não é um modismo, não é algo
voluntário e só alguns professores fanáticos irão fazer. Cada um de nós vai, de
alguma forma, confrontar-se com essa necessidade de reorganizar o processo de
ensinar. Não será tudo a distância, sem contato físico. Nós precisamos do
contato, do encontro. Ele é e será sempre superior ao que nós fizermos através
de uma câmera. Mas será muito mais cômodo (...). Na escola, na pré-escola, a
inserção em ambientes virtuais será feita com muito mais cuidado, vai ser muito
mais difícil, no sentido de se ter mais cuidado. A criança tem que aprender a
conviver, a estar com os outros, a socializar-se. Então, o foco da educação a
distância não será para alunos pequenos. A pré-escola vai incorporar alguns
momentos em que os alunos navegarão na Internet, verão outras crianças em
outras escolas, conversarão, mas, em geral, eles estarão fisicamente juntos,
aprendendo a conviver. Na educação superior e contínua de adultos, a flexibilidade
de propostas pedagógicas e tecnológicas será muito mais abrangente.
Educar com
tecnologias
O
que é educar. A questão fundamental não é a tecnológica. As tecnologias podem
nos ajudar, mas, fundamentalmente, educar é aprender a gerenciar um conjunto de
informações e torná-las algo significativo para cada um de nós, isto é, o
conhecimento. Hoje nós temos inúmeras informações e um conhecimento bem menor,
porque estas nos escapam, estão soltas, não sabemos reorganizá-las. O
conhecimento é isso. Além de gerenciar a informação, é importante aprender a
gerenciar também sentimentos, afetos, todo o universo das emoções. Educar é um
processo complexo, não é somente ensinar ideias, é ensinar também a lidar com
toda essa gama de sensações, emoções que nos ajudem a nos equilibramos e a
viver com confiança. O professor que tem uma atitude de equilíbrio e que inspira
confiança, ajuda muito os seus alunos a evoluir no processo de aprendizagem. Ao
mesmo tempo, educar também é aprender a gerenciar valores (...). A educação tem
sentido se trabalhamos com valores que nos ajudem a nos realizarmos, a sermos
felizes – professores, alunos e os demais envolvidos no processo. De que
adianta educar somente para o trabalho? Ele é importante, mas tem tanta gente
insatisfeita, mesmo ganhando muito! (...). Educar é aprender a gerenciar
processos onde, de um lado, você caminha em direção à autonomia, à liberdade.
E, de outro, você busca sua identidade. Você deixa uma marca e, ao mesmo tempo,
você interage, você consegue viver em sociedade, trabalhar em conjunto. Educar
também é aprender a gerenciar tecnologias, tanto de informação quanto de
comunicação. Ajudar a perceber onde está o essencial, e a estabelecer processos
de comunicação cada vez mais ricos, mais participativos (...). Aprendemos mais
combinando de forma equilibrada a interação e a interiorização. As pessoas
estão tão solicitadas pela ação externa, que se esquecem de si mesmas, estão
todo o tempo navegando, viajando, todo tempo falando com as pessoas, indo de um
lugar para outro, estão sempre ocupadas. Então, aprende-se hoje muito pela
interação, mas esquecemos que o conhecimento só se faz forte, só se consolida
quando o reorganizamos dentro da nossa própria perspectiva, do nosso universo,
do nosso repertório, do nosso contexto e, para isso, precisamos ter o nosso
tempo, o nosso dia, ter também a capacidade de olhar para nós mesmos, de
encontrar tempo para meditar no sentido mais amplo, não somente religioso, e
isso muitos adultos e também crianças não o têm (...). O conhecimento também se
dá pela interiorização e pela observação integradora. Um dos desafios é como
transformar a informação em conhecimento e em sabedoria. Sabedoria é um
conhecimento integrado com a dimensão ética.
Ensinar e aprender
com a internet
Internet
é fácil de aprender, é uma tecnologia legal, você a domina em pouco tempo. Mas
a questão humana é um desafio que as tecnologias não conseguem dar conta. A
Internet é uma mídia de pesquisa, cuja palavra-chave é a “busca” o “search”. É também uma mídia de
comunicação, com ferramentas como o “chat”,
o “e-mail”, o fórum. Mas,
fundamentalmente, a Internet começa a ser um grande meio de negócios, um espaço
onde estão surgindo novos serviços virtuais, on-line (...). As ferramentas de comunicação virtual até agora são
predominantemente escritas, caminhando para serem audiovisuais. Por enquanto
escrevemos mensagens, respostas, simulamos uma comunicação falada. Esses chats
e fóruns permitem contatos a distância, podem ser úteis, mas não podemos
esperar que só assim aconteça uma grande revolução, automaticamente. Depende
muito do professor, do grupo, da sua maturidade, sua motivação, do tempo
disponível, da facilidade de acesso. Alguns alunos comunicam-se bem no virtual,
outros não. Alguns são rápidos na escrita e no raciocínio, outros não. Alguns
tentam monopolizar as falas (como no presencial), outros ficam só como
observadores. Por isso, é importante modificar os coordenadores, incentivar os
mais passivos e organizar a sequência das discussões (...). Com as tecnologias,
o que muda é o conceito de espaço e de tempo (...). É importante ir planejando
e construindo, transformando uma parte das aulas no processo contínuo de
pesquisa e de comunicação no qual você equilibra o planejamento com
criatividade. Não podemos deixar a aula totalmente solta, tampouco totalmente
amarrada. Prever as coisas e, ao mesmo tempo, ir sentindo o momento, as
circunstâncias, ligar o conteúdo à vida. Planejar as aulas é, ao mesmo tempo,
construí-las com processos participativos.
Utilização de
recursos simples da internet
Quais
seriam os primeiros passos nas tecnologias ligadas à rede? Primeiro dominar as
ferramentas (...). Outra área importante é usar a Internet para pesquisar.
Muita gente copia coisas da Internet, então, tem que orientar como pesquisar,
que tipo de trabalhos você pede, de forma que não venham as coisas prontas, e
orientar... fazer alguns processos de pesquisas coletivas sobre alguns temas
fundamentais para o curso.
Avaliação do ensino/aprendizagem
com a Internet
O
professor precisa ter muita flexibilidade e capacidade de adaptação neste
processo. Criar muito, estar atento para ver se está indo tudo bem, mudar a
estratégia, as dinâmicas. Às vezes, uma aula no laboratório não está funcionando,
trava a rede, tudo fica lento... aí tem que mudar, tem que prever alternativas.
Alguns problemas
no uso da Internet
O
aluno tem propensão à dispersão, perde muito tempo, abre muitas páginas ao
mesmo tempo, nem todas páginas que você quer, muitas que você não quer ao mesmo
tempo, faz um hipertexto de navegação muito curioso, dispersivo e confuso, ao
menos para um adulto. Confunde também quantidade com qualidade, quantidade de
páginas com conhecimento (o mesmo processo de sempre, só que a Internet o torna
mais visível). Alguns alunos ainda preferem as aulas tradicionais. Preferem
ficar ouvindo, fazendo anotações. Custa-lhes mudar de atitude e por isso
criticam o professor que inova. Um outro problema é o deslumbramento dos jovens
pelas imagens e sons.
3.
César
Coll e Carles Monereo. Psicologia da
Educação Virtual: aprender e ensinar com as Tecnologia da Informação e da Comunicação.
4.
Daniela
Melaré Vieira Barros. Estilos de uso do
espaço virtual: como se aprende e se ensina no virtual? Inter-Ação: Rev.
Fac. Educ. UFG, 34 (1): 51-74, jan./jun. 2009.
Introdução
Quando
se faz referência a “estilos” pensa-se em amplas possibilidades de ações,
identificadas especificamente com o ser humano e suas características
individuais (...). O trabalho tem como conceitos básicos: ensino e
aprendizagem, estilos de aprendizagem e virtual. Cada um desses três conceitos
é claro nas teorias e literaturas específicas; aqui destacaremos somente a
compreensão desses termos no contexto desta investigação.
Estilos de
aprendizagem
a
teoria dos estilos de aprendizagem contribui para a construção do processo de
ensino e aprendizagem na perspectiva de uso das tecnologias, pois se apoia nas
diferenças individuais e é flexível (...). estilos de aprendizagem não são a mesma
coisa que estilos cognitivos e tampouco o mesmo que inteligências múltiplas.
Trata-se de teorias e conceitos diferentes que se relacionam (...). Conforme
Lopez (2001), os estilos cognitivos são caracterizados como consistências no
processamento de informação, maneiras típicas de perceber, recordar, pensar e
resolver problemas. Uma característica dos estilos cognitivos é que são
relativamente estáveis. Por outra parte, os estilos de aprendizagem se definem
como maneiras pessoais de processar informação, os sentimentos e comportamentos
em situações de aprendizagem (...). Cue (2007), em um estudo recentemente
realizado, definiu estilos de aprendizagem como sendo traços cognitivos,
afetivos, fisiológicos, de preferência pelo uso dos sentidos, ambiente,
cultura, psicologia, comodidade, desenvolvimento e personalidade, que servem
como indicadores relativamente estáveis de como as pessoas percebem,
inter-relacionam e respondem a seus ambientes de aprendizagem e a seus próprios
métodos ou estratégias em sua forma de aprender.
Aspectos históricos
Segundo
Cue (2007), o termo “estilos” começou a ser utilizado a partir do século XX por
pesquisadores que trabalharam na distinção das diferenças entre as pessoas da
área da psicologia e da educação (...). Em 1951, o pesquisador Klein identificou
dois diferentes estilos os quais denominou niveladores e afiladores. Os
niveladores tendem a assimilar os eventos novos com outros já armazenados e os
afiladores acentuam os eventos percebidos e os tratam com relativa assimilação
em relação àqueles já armazenados na memória (...). Em 1976, David Kolb começou
com a reflexão sobre a repercussão dos estilos de aprendizagem na vida adulta
das pessoas e explicou que cada sujeito enfoca a aprendizagem de uma forma
peculiar, fruto da herança, experiências anteriores e exigências atuais do
ambiente em que vive. Kolb identificou cinco forças que condicionam os estilos
de aprendizagem: a de tipo psicológico, a da especialidade da formação
escolhida, a da carreira profissional, a do trabalho atual e a das capacidades
de adaptação. Também averiguou que uma aprendizagem eficaz necessita de quatro
etapas: experiência concreta, observação reflexiva, conceituação abstrata e
experimentação ativa. A partir desses estudos, Kolb (apud ALONSO e GALLEGO,
2002) definiu quatro estilos de aprendizagem e os denominou como: a) o acomodador: cujo ponto forte é a
execução, a experimentação; b) o divergente:
cujo ponto forte é a imaginação, que confronta as situações a partir de
múltiplas perspectivas; c) o assimilador:
que se baseia na criação de modelos teóricos e cujo raciocínio indutivo é a sua
ferramenta de trabalho; e d) o convergente:
cujo ponto forte é a aplicação prática das ideias (...). [Para Kolb,] o ciclo
de aprendizagem se organiza pela experiência concreta, passando pela observação
reflexiva, pela conceituação abstrata e, por fim, pela experimentação ativa
(...). Em 1987, Bert Juch trabalhou junto com outros pesquisadores em um
processo denominado ciclo de aprendizagem em quatro etapas: fazer, perceber,
pensar e planejar (...). Conforme Alonso e Gallego (2002) existem quatro
estilos definidos: o ativo, o reflexivo, o teórico e o pragmático.
O estilo ativo
As
pessoas em que o estilo ativo predomina gostam de novas experiências, são de
mente aberta, entusiasmadas por tarefas novas; são pessoas do aqui e do agora,
que gostam de viver novas experiências. Seus dias estão cheios de atividades:
em seguida ao desenvolvimento de uma atividade, já pensam em buscar outra.
Gostam dos desafios que supõem novas experiências e não gostam de grandes
prazos. São pessoas de grupos, que se envolvem com os assuntos dos demais e se
colocam no centro de todas as atividades. Suas características são: animador,
improvisador, descobridor, arrojado e espontâneo. Outras características
secundárias são: criativo, aventureiro, inventor, vital, gerador de ideias,
impetuoso, protagonista, inovador, conversador, líder, voluntarioso, divertido,
participativo, competitivo, desejoso de aprender e solucionador de problemas.
O estilo reflexivo
As
pessoas com esse estilo gostam de considerar a experiência e observá-la sob
diferentes perspectivas; reúnem dados, analisando-os com detalhes antes de
chegar a uma conclusão. Sua filosofia tende a ser prudente: gostam de
considerar todas as alternativas possíveis antes de realizar algo. Gostam de
observar a atuação dos demais e criam ao seu redor um ar ligeiramente distante
e condescendente. Suas principais características são: ponderado, consciente,
receptivo, analítico e exaustivo. As características secundárias são: observador,
recopilador, paciente, cuidadoso, detalhista, elaborador de argumentos,
previsor de alternativas, estudioso de comportamentos, pesquisador, registrador
de dados, assimilador, lento, distante, prudente e questionador.
O estilo teórico
São
mais dotadas deste estilo as pessoas que se adaptam e integram teses dentro de
teorias lógicas e complexas. Enfocam problemas de forma vertical, por etapas
lógicas. Tendem a ser perfeccionistas; integram o que fazem em teorias
coerentes. Gostam de analisar e sintetizar. São profundos em seu sistema de
pensamento e na hora de estabelecer princípios, teorias e modelos. Para eles,
se é lógico é bom. Buscam a racionalidade e objetividade; distanciam-se do
subjetivo e do ambíguo. Suas características são: metódico, lógico, objetivo,
crítico e estruturado. As outras características secundárias são: disciplinado,
planejador, sistemático, ordenador, sintético, raciocina, pensador,
relacionador, perfeccionista, generalizador, busca: hipóteses, modelos,
perguntas, conceitos, finalidade clara, racionalidade, o porquê, sistemas de
valores, de critérios; é inventor de procedimentos, explorador.
O estilo
pragmático
Os
pragmáticos são pessoas que aplicam na prática as ideias. Descobrem o aspecto
positivo das novas ideias e aproveitam a primeira oportunidade para
experimentá-las. Gostam de atuar rapidamente e com segurança com as ideias e
projetos que os atraem. Tendem a ser impacientes quando encontram pessoas que
teorizam. São realistas quando têm que tomar uma decisão e pô-la em prática.
Partem do princípio de que “sempre se pode fazer melhor” e “se funciona,
significa que é bom”. Suas principais características são: experimentador,
prático, direto, eficaz e realista. As outras características secundárias são:
técnico, útil, rápido, decidido, concreto, objetivo, seguro de si, organizado,
solucionador de problemas e aplicador do que aprendeu.
Objetivo da teoria
Essa
teoria não tem por objetivo medir os estilos de cada indivíduo e rotulá-lo de
forma estagnada, mas identificar o estilo de maior predominância na forma de
cada um aprender e, com isso, determinar o que é necessário desenvolver nesses
indivíduos, em relação aos outros estilos não predominantes (...). As bases da
teoria contemplam sugestões e estratégias de como trabalhar com os alunos para
o desenvolvimento dos estilos não predominantes. O objetivo é ampliar as
capacidades dos indivíduos para que a aprendizagem seja um ato motivador,
fácil, comum e cotidiano.
A teoria de
estilos de aprendizagem e as tecnologias
A
teoria dos estilos de aprendizagem reafirma a necessidade de uso da tecnologia
no espaço educativo, como meio de atender à diversidade de aprendizagem e às
necessidades que a sociedade atual exige, enquanto competências e habilidades
do indivíduo.
O espaço virtual
como espaço educativo
Em
um simples ensaio de possibilidades, com base em teorias que subsidiam o
virtual como Levy (1996) e Horrocks (2004), é possível destacar alguns
referenciais para responder a essa pergunta. O primeiro aspecto é como o
virtual e seus elementos causam modificações globais em uma diversidade de
aspectos influenciadores do ser humano, especialmente a percepção que se
apresenta visualmente como um espaço de diversidade de informação e excesso de
movimentos, dando à percepção possibilidades de seleção de acordo com os gostos
e interesses, prévios ou não. Consequentemente, há uma grande estimulação dos
sentidos, ampliando a quantidade de informação que chega ao cérebro, o que
requer um tempo necessário para absorção do conteúdo. Um segundo aspecto é a
forma como a informação é disponibilizada, podendo estar em forma textual, em
um portal, em uma imagem. Dessa maneira, a percepção deixa de ser linear, passa
a ser diversificada e assimila-se, ao mesmo tempo, uma infinidade de formatos
da informação. Um terceiro aspecto é a interatividade que a informação virtual
propicia. Essa interatividade influencia na interpretação dos conteúdos, sons,
imagens e estímulos que compõem o emocional de cada um quando utiliza-se dos recursos
multimídia (...). A capacidade de adaptação é uma das possibilidades da
inteligência, que acontece em relação ao pensamento, a novos requerimentos,
como a capacidade psíquica geral de adaptação às novas tarefas e às novas
condições de vida. Com a inovação do virtual, a inteligência está em processo
de maior adaptação. Segundo os estudos piagetianos, esse processo realiza-se
não somente ao moldar o que está posto, mas ao modificar, no pensamento, a
forma de assimilar e acomodar as informações (...). A linguagem é um dos
elementos primordiais para processar a informação, produzindo-a e
reproduzindo-a. O virtual também modificou a forma como esta linguagem está
sendo processada e estruturada, pois passou a ser indutiva: uma mistura de
palavras e códigos que se tornaram conhecidos e hoje são vistos como símbolos e
algo fácil de ser utilizado e entendido (...). A linguagem da web faz uma
convergência de linguagens, línguas, símbolos e imagens, que se tornaram
elementos de aprendizagem indutiva pela lógica e pela vivência cotidiana.
Acessar a internet é muito mais complexo para um analfabeto funcional cultural
do que para um analfabeto funcional que tem experiência de vida e de linguagem
cotidiana.
Procedimentos metodológicos
O
objetivo desta pesquisa foi possibilitar diretrizes para o uso do espaço
virtual como espaço educativo, utilizando como referencial os elementos que
constituem os estilos de uso do espaço virtual para a aprendizagem. Os
objetivos específicos para chegar ao objetivo geral foram: identificar um
perfil de usuário do espaço virtual, realizar uma análise a partir do perfil
para caracterizar os elementos que podem ser convertidos em ações pedagógicas e
definir os estilos de uso do espaço virtual.
Resultados e
discussões do estudo realizado
Tem-se
como resultados os referenciais analisados. Considerando-se que existem quatro
estilos de uso do espaço virtual, pôde-se evidenciar suas tendências e não como
algo estanque e padronizado. Com a criação de uma ambiência de uso, há uma
perspectiva do indivíduo não somente de ter uma tendência, mas de ampliar as
várias tendências existentes, chegando à totalidade das características
determinadas. A totalidade, além de caracterizar a ambiência de uso da
tecnologia, também possibilita uma série de opções para o desenvolvimento da aprendizagem
no espaço virtual.
Considerações finais
A
aprendizagem no espaço virtual envolve uma série de elementos que passam pelo
conceito e pelas características do virtual (...). O perfil destacado
evidenciou alguns aspectos necessários a uma possível contribuição com o
processo de ensino e aprendizagem da educação formal (...). os estilos de uso
do espaço virtual foram denominados como: estilo de uso participativo no espaço
virtual, estilo de busca e pesquisa no espaço virtual, estilo de estruturação e
planejamento do espaço virtual e estilo concreto e de produção no espaço
virtual.
5.
David
P. Ausubel. Aquisição e retenção de
conhecimentos: uma perspectiva cognitiva.
6.
Daniela
Melaré Vieira Barros; Alexandra Okada; Vani Kenski. Coletividade aberta de pesquisa: os estilos de coaprendizagem no
cenário online. Educação, Formação & Tecnologias, 5(2), dezembro de 2012.
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