UNIVESP
– Curso de Pedagogia
Disciplina: Sociologia da Educação
Semana
3 - Pierre Bourdieu e sua compreensão da escola em uma sociedade de classes
joralimaTEXTO
Os
objetivos dessa semana são:
1. Entender o que é reprodução
social, herança familiar, habitus familiar, capital cultural, meritocracia,
violência simbólica;
2. Compreender a dinâmica do
processo de exclusão no interior da escola;
3. Refletir sobre a escola como
reprodutora e legitimadora das desigualdades sociais;
4. Compartilhar suas reflexões com
os colegas.
Videoaula
- 1
Bourdieu e a
educação (parte 1)
Profa.
Rosário Genta Lugli
Por
que algumas pessoas são consideradas mais importantes do que outras? No que
está baseado esse julgamento? Questões básicas formuladas por Pierre Bourdieu.
Francês. Filósofo. Foi soldado na Argélia. Após, muda seu foco da filosofia
para a sociologia. O mais lido e citado sociólogo em todo mundo. Escola para
todos. Escola liberal, que pretende ensinar todo mundo. Quem quiser aproveitar
essa oportunidade oferecida pelo estado através da escola (tem inteligência)
será bem-sucedida. Escola meritocrática. Está na base da disseminação da escola
no Brasil (Anísio Teixeira: democratização da escola brasileira). Promessa de
ascensão social via escola. Não é uma promessa totalmente falsa, pois sempre há
um exemplo para se citar, mas são as exceções dependendo do contexto social de
origem do alunado. Bourdieu vê, na sua análise, que os mecanismos internos da
escola não permitem que essa promessa se realize. Para ele, por sua natureza, a
escola é uma instituição de reprodução social. Por meio dela, as crianças
adquirem determinados conhecimentos que a sociedade considera valiosos. Por que
esses e não outros? Por que nem todas as crianças conseguem se apropriar deles?
Bourdieu fala da existência de capital cultural e de capital social como sendo
significativos para o desempenho do indivíduo na escola – e que poucos alunos
têm. Exatamente esse capital social/cultural será o conteúdo que a escola irá
transmitir, pois faz parte da cultura legitimada pela sociedade, oriunda,
segunda Bourdieu, das classes dominantes. Logo, a escola premia não aquele
aluno que se esforça mais, mas sim aquele aluno se sai melhor por já ter esse
capital cultural (trazido de casa, das relações familiares, do seu mundo
particular: leituras, músicas, quadros nas paredes, visitas a museus...). Se a
escola não toma ciência dessas diferenças, acaba não compreendendo e acaba agindo
como se elas não existissem. Bourdieu: “oferecer a todos uma tecnologia de
trabalho e inculcar-lhes métodos racionais de trabalho será uma maneira de
contribuir para reduzir as desigualdades ligadas à herança cultural”. A escola consegue
identificar quem tem mais capital cultural. Bourdieu: “para que sejam
favorecidos os mais favorecidos e [para que sejam] desfavorecidos os mais
desfavorecidos, é necessário e suficiente que a escola ignore (...) as
desigualdades culturais entre as crianças das diferentes classes sociais”. Passa
pela escola para ter aquilo que já tinha antes, com isso, a escola neutraliza o
efeito social da escolarização, via reprodução das desigualdades sociais, pois
permite que essas classificações sociais se transformem em classificações
justas, aceitáveis, que vêm dos méritos individuais das pessoas. Bourdieu: “não
é exagerado dizer que o ensino é, em parte, um fator de inércia”. Por que os
professores não conseguem mudar essa realidade? Já que os professores, na
prática, conseguiram vencer a escola. Porque os professores (e, também, os
pais) internalizaram esse modo de funcionamento da escola.
Videoaula
- 2
Bourdieu e a
educação (parte 2)
Profa.
Rosário Genta Lugli
Para
Bourdieu, o sucesso escolar está associado à uma disposição para o
conhecimento. Para alguns jovens, uma carreira escolar completa é algo
obrigatório, natural. É uma crença que se ajusta à imagem que a própria escola
permite que esse jovem forme de si. E até mesmo a imagem que os pais fazem de
seus filhos. Os mecanismos sociais têm funcionamentos sutis. Essa forma de
funcionamento social constrói a nossa maneira de perceber o mundo. O tipo de
trajetória dos professores define a percepção que eles têm de escola,
levando-os a não pensar em outra forma de funcionamento da escola, pois foi a
única a ser apresentada. Bourdieu fala na necessidade de uma pedagogia
racional, que talvez possa ser utilizada pelo professor para ajudar o aluno a
vencer a distância do seu capital cultural, por vezes, insuficiente para
alcançar os patamares trabalhados na escola. Bourdieu: “uma pedagogia realmente
racional, isto é, fundada sobre uma sociologia das desigualdades culturais,
contribuiria para diminuir as desigualdades diante da escola e da cultura”.
Excluídos do interior. Manter dentro do sistema (de ensino) as diferenças. Bourdieu:
“a escola exclui, como sempre, mas ela exclui agora de forma continuada e
mantém no próprio âmago aqueles que ela exclui”. Violência simbólica é aquilo
que é arbitrário. Bourdieu: “a violência simbólica nunca se exerce sem uma
forma de cumplicidade extorquida daqueles que a sofrem”. A violência simbólica
se dá porque, objetivamente, ninguém está sendo agredido, mas subjetivamente,
aqueles que não detêm a herança cultural apropriada são marginalizados. Habitus (no livro “As categorias do
juízo professoral”): cultural, como uma segunda natureza. Valores, formas de
perceber o mundo, de organizar o ambiente, de se mover/mexer, culturalmente
herdadas e comuns a todo um grupo, ainda que individuais. Razão prática. Bourdieu:
“o corpo está no mundo social e o mundo social está no corpo”. Para Bourdieu
(pensando no professor), na medida que você percebe como o funciona o
mecanismo, como o social se constrói e se articula, você consegue pensar em
estratégias de ação. Bourdieu: “o que o mundo social fez, o mundo social pode
desfazer”.
Videoaula - 3
Meritocracia
| UNIVESP
Vídeo
com animação e narração em off.
Meritocracia
é a ideia de que as conquistas de uma pessoa são proporcionais ao esforço que
ela fez para consegui-las. O vídeo cita dados da revista The Economist sobre
educação nos Estados Unidos da América. Conclui-se que o que convencionou-se
chamar de “meritocracia” não é uma verdade completa: ter pais ricos e
influentes pode ser o fator predominante para o sucesso dos indivíduos.
Vídeo de Apoio
Pierre Bourdieu:
conceito de capital cultural | UNIVESP
Vídeo
com narração em off. E animações. Fala sobre o pensador Bourdieu e suas
percepções sobre a transmissão do conhecimento pela escola. Cultura são os
valores e significados que orientam e dão personalidade a um grupo social. Já
capital cultural é uma metáfora criada por Bourdieu para explicar como cultura,
em uma sociedade separada em classes, se transforma em uma espécie de moeda,
que as classes dominantes utilizam para acentuar as diferenças. A cultura se
transforma em um instrumento de dominação. E as classes dominantes impõem sua
própria cultura. Bourdieu denominou de arbitrário
cultural dominante uma cultura se impor sobre outra. A escola contribui
para que essa cultura seja transmitida como dominante, favorecendo alguns
alunos em detrimento de outros. Por isso, o discurso de igualdade, pregado pela
escola, não funciona na prática. Para Bourdieu, uma maneira de vencer essa
violência simbólica é explicitando esse funcionamento velado da instituição
escolar.
Vídeo de Apoio
Entrevista
com Pierre Bordieu. [não concluído]
Fichamento
dos textos
1.
Cláudio
Marques Martins Nogueira; Maria Alice Nogueira. A sociologia da educação de Pierre Bourdieu: limites e contribuições.
Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, abril/2002.
O
artigo destaca as contribuições e aponta alguns limites da Sociologia da
Educação de Pierre Bourdieu. Na primeira parte, são analisadas as reflexões do
autor sobre a relação entre herança familiar (sobretudo, cultural) e desempenho
escolar. Na segunda parte, são discutidas suas teses sobre o papel da escola na
reprodução e na legitimação das desigualdades sociais (p.15). Até meados do
século XX, predominava nas Ciências Sociais e mesmo no senso-comum uma visão
extremamente otimista, de inspiração funcionalista, que atribuía à
escolarização um papel central no duplo processo de superação do atraso
econômico, do autoritarismo e dos privilégios adscritos, associados às
sociedades tradicionais, e de construção de uma nova sociedade, justa
(meritocrática), moderna (centrada na razão e nos conhecimentos científicos) e
democrática (fundamentada na autonomia individual). Supunha-se que, por meio da
escola pública e gratuita, seria resolvido o problema do acesso à educação e,
assim, garantida, em princípio, a igualdade de oportunidades entre todos os cidadãos.
Os indivíduos competiriam dentro do sistema de ensino, em condições iguais, e
aqueles que se destacassem por seus dons individuais seriam levados, por uma
questão de justiça, a avançar em suas carreiras escolares e, posteriormente, a
ocupar as posições superiores na hierarquia social. A escola seria, nessa
perspectiva, uma instituição neutra, que difundiria um conhecimento racional e
objetivo e que selecionaria seus alunos com base em critérios racionais (p.16).
Os anos 1960 marcam a chegada ao ensino secundário e à universidade da primeira
geração beneficiada pela forte expansão do sistema educacional no pós-guerra. Essa
geração, arregimentada em setores mais amplos do que os das tradicionais elites
escolarizadas, vê – em parte, pela desvalorização dos títulos escolares que
acompanhou a massificação do ensino – frustradas suas expectativas de
mobilidade social através da escola. A decepção dessa “geração enganada”, como
diz Bourdieu, alimentou uma crítica feroz ao sistema educacional e contribuiu
para a eclosão do amplo movimento de contestação social de 1968 (...). Bourdieu
oferece-nos um novo modo de interpretação da escola e da educação que, pelo
menos num primeiro momento, pareceu ser capaz de explicar tudo o que a
perspectiva anterior não conseguia. Os dados que apontam a forte relação entre desempenho
escolar e origem social e que, em última instância, negavam o paradigma
funcionalista, transformam-se nos elementos de sustentação da nova teoria (...).
Onde se via igualdade de oportunidades, meritocracia, justiça social, Bourdieu
passa a ver reprodução e legitimação das desigualdades sociais. A educação, na
teoria dele, perde o papel que lhe fora atribuído – de instância transformadora
e democratizadora das sociedades – e passa a ser vista como uma das principais
instituições por meio da qual se mantêm e se legitimam os privilégios sociais. Trata-se, portanto, de uma inversão total de
perspectiva (p.17). Uma das teses centrais da Sociologia da Educação de
Bourdieu é a de que os alunos não são indivíduos abstratos que competem em
condições relativamente igualitárias na escola, mas atores socialmente
constituídos que trazem, em larga medida incorporada, uma bagagem social e
cultural diferenciada e mais ou menos rentável no mercado escolar. [Assim] o
grau variado de sucesso alcançado pelos alunos ao longo de seus percursos
escolares não poderia ser explicado por seus dons pessoais – relacionados à sua
constituição biológica ou psicológica particular –, mas por sua origem social,
que os colocaria em condições mais ou menos favoráveis diante das exigências
escolares (p.18). A escola, na perspectiva de Bourdieu, não seria uma
instituição imparcial que, simplesmente, seleciona os mais talentosos a partir
de critérios objetivos. O sociólogo questiona frontalmente a neutralidade da
escola e do conhecimento escolar, argumentando que o que essa instituição
representa e cobra dos alunos são, basicamente, os gostos, as crenças, as
posturas e os valores dos grupos dominantes, dissimuladamente apresentados como cultura universal. A escola
teria, assim, um papel ativo – ao definir seu currículo, seus métodos de ensino
e suas formas de avaliação – no processo social de reprodução das desigualdades
sociais. Mais do que isso, ela cumpriria o papel fundamental de legitimação
dessas desigualdades, ao dissimular as bases sociais destas, convertendo-as em
diferenças acadêmicas e cognitivas, relacionadas aos méritos e dons individuais
(p.18-19).
A herança familiar e suas implicações
escolares
A
sociologia de Bourdieu como um todo está marcada pela busca de superação de um
dilema clássico do pensamento sociológico, aquele que se define pela oposição
entre subjetivismo e objetivismo (...). Essas abordagens, rotuladas por ele
como subjetivistas, são criticadas não apenas por seu escopo limitado, (...) mas,
sobretudo, por contribuírem para uma concepção ilusória do mundo social que
atribuiria aos sujeitos excessiva autonomia e consciência na condução de suas
ações e interações. Em contraposição ao subjetivismo, Bourdieu afirma, de modo radical,
o caráter socialmente condicionado das atitudes e comportamentos individuais. O
indivíduo, em Bourdieu, é um ator socialmente configurado em seus mínimos
detalhes. Os gostos mais íntimos, as preferências, as aptidões, as posturas
corporais, a entonação de voz, as aspirações relativas ao futuro profissional,
tudo seria socialmente constituído (p.19). Bourdieu critica, igualmente, as
abordagens estruturalistas, definidas por ele como objetivistas, que
descreveriam a experiência subjetiva como diretamente subordinada às relações
objetivas (normalmente, de natureza linguística ou socioeconômica). Segundo
ele, faltaria a essas abordagens uma teoria da ação capaz de explicar os
mecanismos ou processos de mediação envolvidos na passagem da estrutura social
para a ação individual. Reconhecer-se-ia as propriedades estruturantes da
estrutura sem, no entanto, analisar os processos de estruturação, de operação
da estrutura no interior das práticas sociais (p.19-20). Como forma de
distanciamento em relação ao objetivismo, Bourdieu afirma, então, em primeiro
lugar, que a ação das estruturas sociais sobre o comportamento individual se dá
preponderantemente de dentro para fora
e não o inverso. A partir de sua formação inicial em um ambiente social e
familiar que corresponde a uma posição específica na estrutura social, os
indivíduos incorporariam um conjunto de disposições para a ação típica dessa
posição (um habitus familiar ou de classe)
e que passaria a conduzi-los ao longo do tempo e nos mais variados ambientes de
ação. As normas e os constrangimentos que caracterizam uma determinada posição
na estrutura social não operariam, assim, como entidades reificadas que agem
diretamente, a cada momento, de fora para dentro, sobre o comportamento
individual. Ao contrário, a estrutura social se perpetuaria porque os próprios indivíduos
tenderiam a atualizá-la ao agir de acordo com o conjunto de disposições típico
da posição estrutural na qual eles foram socializados (...). Esse sistema de
disposições incorporado pelo sujeito não o conduz em suas ações de modo
mecânico. Essas disposições não seriam normas rígidas e detalhadas de ação, mas
princípios de orientação que precisariam ser adaptados pelo sujeito às variadas
circunstâncias de ação (...). A estrutura social conduziria as ações
individuais e tenderia a se reproduzir através delas, mas esse processo não
seria rígido, direto ou mecânico (p.20). [No campo da Sociologia da Educação], contrapondo-se
ao subjetivismo, Bourdieu nega, da forma mais radical possível, o caráter
autônomo do sujeito individual. Cada indivíduo passa a ser caracterizado por
uma bagagem socialmente herdada. Essa bagagem inclui, por um lado, certos
componentes objetivos, externos ao indivíduo, e que podem ser postos a serviço
do sucesso escolar. Fazem parte dessa primeira categoria o capital econômico, tomado
em termos dos bens e serviços a que ele dá acesso, o capital social, definido
como o conjunto de relacionamentos sociais influentes mantidos pela família,
além do capital cultural institucionalizado, formado basicamente por títulos
escolares. A bagagem transmitida pela família inclui, por outro lado, certos
componentes que passam a fazer parte da própria subjetividade do indivíduo,
sobretudo, o capital cultural na sua forma “incorporada”. Como elementos
constitutivos dessa forma de capital, merecem destaque a chamada “cultura
geral” – expressão sintomaticamente vaga; os gostos em matéria de arte,
culinária, decoração, vestuário, esportes e etc; o domínio maior ou menor da
língua culta; as informações sobre o mundo escolar (p.20-21). A Sociologia da
Educação de Bourdieu se notabiliza, justamente, pela diminuição que promove do
peso do fator econômico, comparativamente ao cultural, na explicação das
desigualdades escolares. Em primeiro lugar, a posse de capital cultural
favoreceria o desempenho escolar na medida em que facilitaria a aprendizagem
dos conteúdos e códigos escolares. As referências culturais, os conhecimentos
considerados legítimos (cultos, apropriados) e o domínio maior ou menor da
língua culta, trazidos de casa por certas crianças, facilitariam o aprendizado escolar
na medida em que funcionariam como uma ponte entre o mundo familiar e a cultura
escolar. A educação escolar, no caso das crianças oriundas de meios
culturalmente favorecidos, seria uma espécie de continuação da educação
familiar, enquanto [que,] para as outras crianças, significaria algo estranho,
distante ou mesmo ameaçador. A posse de capital cultural favoreceria o êxito
escolar, em segundo lugar, porque propiciaria melhor desempenho nos processos
formais e informais de avaliação. Bourdieu observa que a avaliação escolar vai
muito além de uma simples verificação de aprendizagem, incluindo um verdadeiro julgamento
cultural e até mesmo moral dos alunos. Cobra-se que os alunos tenham um estilo
elegante de falar, de escrever e até mesmo de se comportar; que sejam
intelectualmente curiosos, interessados e disciplinados; que saibam cumprir
adequadamente as regras da “boa educação”. Essas exigências só podem ser
plenamente atendidas por quem foi previamente (na família) socializado nesses
mesmos valores (p.21). Vale ainda destacar a importância de um componente
específico do capital cultural, a informação sobre a estrutura e o funcionamento
do sistema de ensino (...). Essa compreensão é fundamental para que os pais
formulem estratégias de modo a orientar, da forma mais eficaz possível, a
trajetória dos filhos, sobretudo, nos momentos de decisões cruciais
(continuação ou interrupção de estudos, mudança de estabelecimento, escolha do
curso superior, entre outros). Esse tipo específico de capital cultural é
proveniente, vale observar, não apenas da experiência escolar (e profissional,
no caso, dos pais professores) vivida diretamente pelos pais, mas também do
contato pessoal com amigos e outros parentes que possuam familiaridade com o
sistema educacional. Vê-se, neste caso, a importância do capital social como um
instrumento de acumulação do capital cultural. O capital econômico e o capital social
funcionariam, na verdade, na maior parte das vezes, apenas como meios auxiliares
na acumulação do capital cultural. No caso do capital econômico, por exemplo,
permitindo o acesso a determinados estabelecimentos de ensino e a certos bens
culturais mais caros, como as viagens de estudo (p.22). Ao longo do tempo, por
um processo não deliberado de ajustamento entre investimentos e condições
objetivas de ação, as estratégias mais adequadas, mais viáveis, acabariam por
ser adotadas pelos grupos e seriam, então, incorporadas pelos sujeitos como
parte do seu habitus. Aplicado à
educação, esse raciocínio indica que os grupos sociais, a partir dos exemplos
de sucesso e fracasso no sistema escolar vividos por seus membros, constituem
uma estimativa de suas chances objetivas no universo escolar e passam a
adequar, inconscientemente, seus investimentos a essas chances (...). Quanto
mais fácil o acesso a um título escolar, maior a tendência a sua desvalorização
(“inflação de títulos”). Bourdieu distingue frequentemente três conjuntos de
disposições e de estratégias de investimento escolar que seriam adotadas tendencialmente
pelas classes populares, classes médias (ou pequena burguesia) e pelas elites (p.23).
No caso das classes populares, o
investimento no mercado escolar tenderia a oferecer um retorno baixo, incerto e
a longo prazo. Diante disso, esse grupo social tenderia a adotar o que Bourdieu
chama de “liberalismo” em relação à educação dos filhos. A vida escolar dos
filhos não seria acompanhada de modo muito sistemático e nem haveria uma
cobrança intensiva em relação ao sucesso escolar (p.24). Originárias, em grande
parte, das camadas populares e tendo ascendido às classes médias por meio da
escolarização, as famílias de classe
média nutririam esperanças de continuarem sua ascensão social, agora, em
direção às elites. Todas as condutas das classes médias poderiam ser
entendidas, então, como parte de um esforço mais amplo com vistas a criar
condições favoráveis à ascensão social. Bourdieu destaca, como componentes
desse esforço, o ascetismo, o malthusianismo e a boa vontade cultural. O
ascetismo se caracterizaria pela disposição das classes médias para renunciarem
aos prazeres imediatos em benefício do seu projeto de futuro (p.24-25). O
malthusianismo seria a propensão ao controle da fecundidade. As famílias de
classe média, por uma estratégia inconsciente de concentração dos
investimentos, tenderiam, mais do que as das classes populares – e mesmo do que
as das elites –, a reduzir o número de filhos. Bourdieu observa que, de fato,
as estatísticas comprovam que as oportunidades de uma vida escolar mais longa
estão intimamente associadas – quando se controla todas as outras variáveis –
ao tamanho da família. Finalmente, a boa vontade cultural se caracterizaria
pelo reconhecimento da cultura legítima e pelo esforço sistemático para adquiri-la.
As famílias das classes médias – particularmente aquelas originárias das
camadas populares e que detêm, portanto, um limitado capital cultural –
empreenderiam uma série de ações (compra de livros premiados, frequência a
eventos culturais etc.) com vistas à aquisição de capital cultural (p.25). Bourdieu
se refere, finalmente, às elites
econômicas e culturais. Esses grupos investiriam pesadamente na escola, porém,
de uma forma bem mais descontraída – “laxista”, como diria Bourdieu – do que as
classes médias. Esse laxismo [baixo rigor, permissivo] se deveria, por um lado,
ao fato de que o sucesso escolar no caso dessas famílias é tido como algo
natural, que não depende de um grande esforço de mobilização familiar. As
condições objetivas, posse de um volume expressivo de capitais econômicos,
sociais e culturais, tornariam o fracasso escolar bastante improvável. Além
disso, as elites estariam livres da luta pela ascensão social. Elas já ocupam
as posições dominantes da sociedade, não dependendo, portanto, do sucesso escolar
dos filhos para ascender socialmente. Em relação às elites, Bourdieu contrasta,
de qualquer forma, as frações mais ricas em capital cultural com aquelas mais
ricas em capital econômico. As primeiras seriam propensas a um investimento
escolar mais intenso, visando o acesso às carreiras mais longas e prestigiosas
do sistema de ensino. Já as frações mais ricas em capital econômico tenderiam a
buscar na escola, principalmente, uma certificação que legitimaria o acesso às
posições de controle já garantidas pelo capital econômico (p.26). No conjunto, [as]
críticas a Bourdieu realçam o fato de que o habitus
de uma família e, mais ainda, de um indivíduo não pode ser deduzido diretamente
do que seria seu habitus de classe. [Pois],
as famílias e os indivíduos não se reduzem à sua posição de classe. O
pertencimento a uma classe social, traduzido na forma de um habitus de classe, pode indicar certas
disposições mais gerais que tenderiam a ser compartilhadas pelos membros da
classe. Cada família, no entanto, e, mais ainda, os indivíduos tomados
separadamente, seriam o produto de múltiplas e, em parte, contraditórias influências
sociais (Lahire, 1999; Charlot, 2000) (p.27).
A escola e o
processo de reprodução das desigualdades sociais
A
escola e o trabalho pedagógico por ela desenvolvido só poderiam ser
compreendidos, na perspectiva de Bourdieu, quando relacionados ao sistema das
relações entre as classes. A escola não seria uma instância neutra que
transmitiria uma forma de conhecimento intrinsecamente superior e que avaliaria
os alunos a partir de critérios universalistas, mas, ao contrário, seria uma
instituição a serviço da reprodução e legitimação da dominação exercida pelas
classes dominantes. O ponto de partida do raciocínio de Bourdieu talvez se
encontre na noção de arbitrário cultural
(...); [pois,] nenhuma cultura pode ser objetivamente definida como superior a
nenhuma outra. Os valores que orientariam cada grupo em suas atitudes e
comportamentos seriam, por definição, arbitrários, não estariam fundamentados
em nenhuma razão objetiva, universal. Apesar de arbitrários, esses valores – ou
seja, a cultura de cada grupo – seriam vividos como os únicos possíveis ou,
pelo menos, como os únicos legítimos. Para Bourdieu, o mesmo ocorreria no caso
da escola. A cultura consagrada e transmitida pela escola não seria objetivamente
superior a nenhuma outra (...). Apesar de arbitrária, a cultura escolar seria
socialmente reconhecida como a cultura legítima, como a única universalmente
válida. Na perspectiva de Bourdieu, a conversão de um arbitrário cultural em
cultura legítima só pode ser compreendida quando se considera a relação entre
os vários arbitrários em disputa em uma determinada sociedade e as relações de
força entre os grupos ou classes sociais presentes nessa mesma sociedade. No
caso das sociedades de classes, a capacidade de legitimação de um arbitrário
cultural corresponderia à força da classe social que o sustenta. De um modo
geral, os valores arbitrários capazes de se impor como cultura legítima seriam
aqueles sustentados pela classe dominante. Para Bourdieu, portanto, a cultura
escolar, socialmente legitimada, seria, basicamente, a cultura imposta como
legítima pelas classes dominantes (p.28). A autoridade pedagógica, ou seja, a
legitimidade da instituição escolar e da ação pedagógica que nela se exerce, só
pode ser garantida na medida em que o caráter arbitrário e socialmente imposto
da cultura escolar é dissimulado. Apesar de arbitrária e socialmente vinculada
a uma classe, a cultura escolar precisaria, para ser legitimada, ser
apresentada como uma cultura neutra. Segundo Bourdieu (1998, p. 53), para que
sejam favorecidos os mais favorecidos e desfavorecidos os mais desfavorecidos,
é necessário e suficiente que a escola ignore, no âmbito dos conteúdos do
ensino que transmite, dos métodos e técnicas de transmissão e dos critérios de
avaliação, as desigualdades culturais entre as crianças das diferentes classes
sociais. Tratando formalmente de modo igual, em direitos e deveres, quem é
diferente, a escola privilegiaria, dissimuladamente, quem, por sua bagagem
familiar, já é privilegiado (...). A comunicação pedagógica, assim como qualquer
comunicação cultural, exige, para a sua plena compreensão e aproveitamento, que
os receptores dominem o código utilizado na produção dessa comunicação (...). Para
Bourdieu, esse domínio variaria de acordo com a maior ou menor distância
existente entre o arbitrário cultural apresentado pela escola como cultura
legítima e a cultura familiar de origem dos alunos (p.29). Para os alunos das
classes dominantes, a cultura escolar seria a sua própria cultura, reelaborada
e sistematizada. Para os demais, seria uma cultura “estrangeira” (p.29-30). O
autor observa que o efeito de legitimação provocado pela dissimulação das bases
sociais do sucesso escolar é duplo: manifestar-se-ia em relação tanto aos
filhos das camadas dominantes quanto dominadas. Os primeiros, pelo fato de
terem recebido sua herança cultural desde muito cedo e de modo difuso,
insensível, teriam dificuldade de se reconhecer como “herdeiros”. Suas
disposições e aptidões culturais e linguísticas pareceriam ser naturais, parte
de sua própria personalidade. O segundo grupo, por outro lado, sendo incapaz de
perceber o caráter arbitrário e impositivo da cultura escolar, tenderia a atribuir
suas dificuldades escolares a uma inferioridade que lhes seria inerente,
definida em termos intelectuais (falta de inteligência) ou morais (fraqueza de
vontade) (p.30). Bourdieu (1992, p. 52) ressalta que em relação às camadas dominadas,
o maior efeito da violência simbólica exercida pela escola não é a perda da
cultura familiar e a inculcação de uma nova cultura exógena (mesmo porque essa
inculcação, como já se viu, seria prejudicada pela falta das condições
necessárias à sua recepção), mas o reconhecimento, por parte dos membros dessa
camada, da superioridade e legitimidade da cultura dominante. Esse reconhecimento
se traduziria numa desvalorização do saber e do saber-fazer tradicionais – por
exemplo, da medicina, da arte e da linguagem populares, e mesmo do direito consuetudinário
[que não está escrito e é só fundado nos usos ou costumes] – em favor do saber
e do saber-fazer socialmente legitimados (p.31). A grande contribuição de
Bourdieu para a compreensão sociológica da escola foi a de ter ressaltado que
essa instituição não é neutra. Formalmente, a escola trataria a todos de modo igual,
todos assistiriam às mesmas aulas, seriam submetidos às mesmas formas de avaliação,
obedeceriam às mesmas regras e, portanto, supostamente, teriam as mesmas
chances. Bourdieu mostra que, na verdade, as chances são desiguais. Alguns
estariam numa condição mais favorável do que outros para atenderem às
exigências, muitas vezes implícitas, da escola (p.32). Contrapondo-se a essa
perspectiva, uma série de autores tem acentuado, em primeiro lugar, que o
conteúdo escolar não pode ser, globalmente, definido como sendo um arbitrário
cultural dominante. Boa parte dos conhecimentos veiculados pela escola seria epistemologicamente
válida e merecedora de ser transmitida. O fato de que os grupos socialmente
dominantes dominam os conteúdos valorizados pelo currículo escolar não é
suficiente para que se afirme que esses conteúdos foram selecionados por
pertencerem a essa classe. Na verdade, o raciocínio pode ser até o inverso. Por
serem reconhecidos como superiores (por suas qualidades intrínsecas) esses
conteúdos passaram a ser socialmente valorizados e foram apropriados pelas camadas
dominantes (p.33). Parece claro, por exemplo, que as várias iniciativas que
buscam promover uma aproximação mais respeitosa entre a cultura escolar e a cultura
de origem dos alunos – organizando o ensino a partir dos conhecimentos
anteriores trazidos pelos alunos, respeitando e valorizando os modos de fala e
as tradições de cada grupo social etc. – podem, no mínimo, adiar o processo de
eliminação ou autoeliminação (desistência) dos alunos. Nos seus primeiros
trabalhos, o próprio Bourdieu falava da possibilidade de uma “pedagogia
racional”, que, ao invés de supor como dados os pré-requisitos necessários à
decodificação da comunicação pedagógica (capital cultural e linguístico), se
esforçaria para transmiti-los metodicamente a quem não os recebeu na família
(p.34). Quando a análise é feita no plano macrossocial das relações entre as
classes, Bourdieu tem boas razões para ser pessimista. Essa análise, no
entanto, não pode ser transposta diretamente para o plano microssociológico, [pois]
existem diferenças significativas no modo como cada escola e ou professor
participa desse processo de reprodução social [– e] essas diferenças foram, em
grande medida, negligenciadas por Bourdieu (p.34).
Considerações
finais
A
grande contribuição da Sociologia da Educação de Pierre Bourdieu foi, sem dúvida,
a de ter fornecido as bases para um rompimento frontal com a ideologia do dom e
com a noção moralmente carregada de mérito pessoal. A partir de Bourdieu,
tornou-se praticamente impossível analisar as desigualdades escolares,
simplesmente, como frutos das diferenças naturais entre os indivíduos. As
limitações dessa abordagem, no entanto, se revelam sempre que se busca a
compreensão de casos particulares (famílias, indivíduos, escolas e professores
concretos). Bourdieu nos forneceu um importante quadro macrossociológico de
análise das relações entre o sistema de ensino e a estrutura social. Esse
quadro precisa, no entanto, ser completado e aperfeiçoado por análises mais
detalhadas. Faz-se necessário, em especial, um estudo mais minucioso dos
processos concretos de constituição e utilização do habitus familiar, bem como uma análise mais fina das diferenças
sociais entre famílias e contextos de escolarização (p.34-35).
2.
Carlos
Benedito Martins. A pluralidade dos
mundos e das condutas sociais: a contribuição de Bourdieu para a Sociologia da Educação.
Em Aberto. Brasília, ano 9. n. 46, abr. jun. 1990 [Versão modificada e ampliada
do artigo Estrutura e ator: a teoria da
prática em Bourdieu publicado na Revista Educação e Sociedade, n 27,
setembro de 1987].
Em
seu escrito sobre a Teoria das Ciências Sociais, Marx Weber chamava a atenção
para o fato da dimensão finita e limitada do espírito humano diante da
realidade histórico-social, que lhe aparecia como infinitamente complexa e
inesgotável. Mostrava-se francamente cético com a possibilidade da construção
de um modelo explicativo capaz de captar de forma exaustiva a realidade, mesmo
que um pesquisador tomasse como objeto de estudo um ínfimo fragmento desta
realidade (p.58). Dando continuidade a esta postura teórica, Mannheim (1968,
cap. 2 e 3), salientava que toda construção teórica deveria ser considerada
como uma perspectiva parcial para o conhecimento da vida social (...). O
projeto de conhecimento sociológico elaborado pelos durkheimianos ilustra de
maneira exemplar os esforços de legitimação científica. Mas chama atenção,
também, neste projeto, a habilidade por parte dos integrantes de seu grupo em
ocupar os espaços que se abriam nas instituições universitárias em busca — sob
a inspiração dos dirigentes da Terceira República — da difusão de concepções
científicas, a fim de orientar a condução da vida social. Assim, passavam a
usufruir do respaldo institucional que o campo do poder político procurava
oferecer ao desenvolvimento das Ciências Sociais (...). Neste sentido, a produção
sociológica de Bourdieu desenvolve-se no interior do campo social acadêmico e
da proteção institucional oferecida a este espaço (...). os trabalhos
desenvolvidos por Bourdieu guardam uma outra continuidade com a forma pela qual
se desenvolveu o pensamento sociológico francês, que valeria a pena mencionar,
ainda que brevemente. Apesar de procurar manter determinadas diferenças em
relação a uma crítica dirigida a um certo atomismo individualista, tudo leva a
crer que Bourdieu reafirma ao longo de seus trabalhos o postulado metodológico
recorrente na Sociologia francesa do primado da sociedade sobre o indivíduo.
Como se sabe, uma das características do pensamento social do século XIX é a
rebelião intelectual contra o individualismo desenvolvido pelos filósofos do
século precedente. Em oposição às formulações iluministas que ressaltavam o
poder da razão individual, alicerçada em formas científicas de conhecimento,
como instrumento para remodelar os sistemas sociais, vários pensadores do século
XIX salientariam que o homem não adquire o conhecimento mediante a razão
individual, mas sim como um ser social, isto é, devido ao fato de viver em
contextos sociais (...). A perspectiva sociológica elaborada por Bourdieu
pressupõe que é a sociedade, e somente ela, que elabora, de diferentes formas,
justificativas e razões para os indivíduos existirem. Em sua visão, é a
sociedade que, produzindo as posições que reputamos como importantes, produz. também,
os agentes sociais que julgam importante a conquista destas mesmas posições (...).
De acordo com Bourdieu, torna-se necessário superar a oposição criada em torno
da polêmica do subjetivismo e do objetivismo. Assinala, a este propósito, que
as aquisições que ela produziu em termos de conhecimento são indispensáveis a
uma ciência do mundo social que, no entanto, não pode se reduzir nem a uma
fenomenologia social e nem a uma física social. Reconhece que estas posturas
possuem em comum o fato de constituírem modos de conhecimento que se opõem ao
modo de conhecimento prático que informa a experiência ordinária do mundo social
(p.63). Um dos eixos centrais da Sociologia desenvolvida por Bourdieu consiste
numa reflexão sobre a problemática da mediação entre a estrutura e o ator. O
mundo social, afirma em seu trabalho Esquisse
d'une théorie de Ia pratique, tem sido abordado, a grosso modo, em termos
de uma polarização, que tem oscilado ora sobre o primado do ator, ora dando ênfase
desmesurada às estruturas sociais, enquanto fator explicativo (...). Bourdieu
vai reter a ideia escolástica do habitus
enquanto um sistema de disposições duráveis. Procurará ressaltar que a sua
existência resulta de um longo processo de aprendizado, produto do contato dos
agentes sociais com diversas modalidades de estruturas sociais. As condições materiais
características de uma determinada classe social e a incidência destas
condições de existência no contexto familiar constituem, segundo ele, uma
mediação fundamental na produção do habitus.
As experiências primeiras dos atores sociais, vividas no ambiente familiar, ou
seja, o habitus produzido e adquirido
nas relações familiares, estão, para ele, no princípio da recepção e da
apreciação de toda experiência ulterior dos atores sociais, ao mesmo tempo em
que o habitus adquirido no sistema escolar constitui um vetor na assimilação
das mensagens produzidas pela indústria cultural. Desta forma, o habitus adquirido pelo ator social
através da sua inserção em diferentes espaços sociais constitui uma matriz de
percepção, de apreciação e de ação que se realiza em determinadas condições
sociais. Ele enforma a conduta do ator, as suas estratégias de conservação e ou
de transformação das estruturas que estão no princípio de sua produção. Segundo
as palavras de Bourdieu: "(o habitus)
são sistemas de disposições duráveis e transferíveis. estruturas estruturadas
predispostas a funcionar como estruturas estruturantes. isto é, como princípios
geradores e organizadores de práticas e de representações que podem ser
objetivamente adaptados a seu fim sem supor a intenção consciente dos fins e o
domínio expresso das operações necessárias para atingi-los, objetivamente
reguladas e reguladoras. sem ser o produto da obediência a regras, sendo
coletivamente orquestradas, sem ser o produto da ação organizadora de um
regente (1980c. p. 88-89). Na concepção desenvolvida por Bourdieu, o habitus. enquanto produto da história,
orienta as práticas individuais e coletivas. Ele tende a assegurar a presença
ativa das experiências passadas que depositadas em cada indivíduo sob a forma
de esquema de pensamento, percepção e ação contribuem para garantir a conformidade
das práticas e sua constância através do tempo. [não
concluído]
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