quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Anhembi again

Voltei ao Anhembi ontem novamente, desta vez para ficar umas 4 horas dentro do stand do meu empregador, montado dentro do Congresso de Farmacêuticos. Foi legal. Eu imaginei que seria um tédio ficar todo esse tempo lá, mas foi muito interessante! Nem vi a hora passar. Ontem foi aniversário da Giulia, a menina mais bonita da Itália. Então hoje, em sua homenagem, vou transcrever poemasque eu lhe fiz. O primeiro refere-se ao seu primeiro dia de aula.

Vida Escolar

à Giulia

Diplomas, professora, avental verde. Recreio. Matemática, cadernos, diretoria. “O menino mulatinho é lindo”. Prova, literatura italiana, tia Maria, matar aula. Lição-de-casa, beijos escondidos, “odeio química”. Intervalo. Crianças maiores são terríveis. Mingau. Ciências. Brigas na saída, recuperação, biologia. “Minha mãe é brasileira”. Formatura, frio na barriga, a melhor amiga. “Deu branco”. Vestibular, mochila, educação física. “Posso ir ao banheiro?”. Geografia, trabalho em grupo, aula vaga. Brincar de roda. Passar cola. Aula de desenho. Pega-pega, bolo de chocolate, história. Tabuada do 9. “Estou naqueles dias”. Morar fora, turma do fundão, escorregador. “Minha vez”.

Primeiro dia de aula.

Jorge de Lima
São Paulo, 14/09/2007.

Pequena notável

à Giulia

A pequena italianinha,
de dedos miudinhos e sorriso largo,
roubará da Monalisa
a fama e seu sorriso,
deixando sóbria e séria
a musa de Da Vinci.

Seu nome atravessará todos os mares
e se bronzeará, triunfante,
nas areias quentes do Brasil.

Ninguém notará a mulata e seu rebolado.
As loiras serão esquecidas.
E todos dirão, admirados:
“O que é que a italianinha tem?”

Jorge de Lima
São Paulo, 22/06/2005



Receita

à E., a V., à Giulia


No Paraná,
a brisa quente juntou-se
ao frio da neve japonesa.

Gotas dispersas do Amazonas
fundiram-se ao pó dos mármores de Roma
e às areias vindas do Saara.

Há o colorido das terras brasileiras:
o verde das folhas,
o azul dos céus.

O amarelo rico das asas dos pássaros.

O vento vindo do Rio de Janeiro.
E a fumaça cinza de Sampa:
preço da sua riqueza.

A virgindade maculada da América,
o olhar meditativo asiático e
uma pitada do escuro luminoso africano:
momentos acrescentados à história do Ocidente
que repousa na eternidade monumental da Europa.

Tudo misturado com muito amor.


Eis Giulia:
síntese de um mundo.


Jorge de Lima
S. Paulo, 03/03/2006.