quarta-feira, 14 de abril de 2021

Análise literária -- poesia, poema, prosa. Termos utilizados na análise poética

       Poesia, Poema e Prosa


Entre a poesia, o poema e a prosa há diferenças que os caracterizam como tais.Um simples questionamento emerge como sendo a mola propulsora dessa discussão que por ora travamos: poema ou poesia? Pode-se dizer que por mais que estes termos sejam utilizados de forma recorrente, muitos ainda acabam confundindo e achando que se trata de dois elementos sinônimos – concepção essa materializada de forma errônea, equivocada.

Pois bem, caro(a) usuário(a), gostaríamos de deixar bem claro que para entendermos acerca de tais definições, temos de estar cientes de um fato: existem aqueles textos em que prevalece o sentido denotativo da linguagem e aqueles em que o olhar subjetivo emerge por parte do emissor e do receptor, sobretudo. Nesse sentido, equivale afirmar que poesia se refere àquela circunstância de comunicação em que prevalecem algumas intenções voltadas para a subjetividade, para as múltiplas interpretações. Nesse ínterim, os recursos advindos do próprio emissor se tornam plenamente válidos, haja vista que o objetivo não é o de informar, instruir, mas sim o de entreter, provocar emoções, despertar sentimentos. É o que chamamos de função poética da linguagem, pois nela prevalecem a sonoridade, a combinação das rimas, o jogo de palavras, o uso de figuras de linguagem, o uso de imagens, enfim. Partindo desse princípio, hemos de convir que a poesia se define como estado de alma, fruição, sentimentalismo.

De tal estado, ou seja, de tal intenção demarcada por parte de quem escreve, provém o que chamamos de poema, considerado, portanto, uma unidade da poesia. Trata-se de uma construção que se difere daquela que convencionalmente costumamos encontrar em um texto em prosa, ou seja, caracterizada por um início, meio e fim através de parágrafos. Ao constrário de tal construção, o poema se efetiva por meio de versos, os quais, uma vez reunidos, compõem o que chamamos de estrofe.  Lembrando que esses versos podem ser constatados como sendo cada linha do poema.

 Cremos, portanto, que tais elucidações tendem a se tornar ainda mais efetivas quando partimos  para exemplos concretos, os quais nos possibilitam demarcar a presença dos elementos já citados. Por isso, vejamos:

Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se a espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto

 

De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama

E da paixão fez-se o pressentimento

E do momento imóvel fez-se o drama

 

De repente não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante

E de sozinho o que se fez contente

 

Fez-se do amigo próximo, distante

Fez-se da vida uma aventura errante

De repente, não mais que de repente

Vinicius de Moraes

Deparamo-nos com uma construção poética demarcada por dois quartetos e dois tercetos,  o que nos faz dar conta de se tratar de um soneto. Nele verificamos a presença de outros elementos, tais como a sonoridade, a materialização das rimas, entre outros.

Agora, ao nos atermos a alguns textos, tais como o artigo de opinião, o editorial, os textos científicos de uma forma geral, entre outros exemplos, estamos, sem nenhuma dúvida, constatando que são textos escritos em forma de prosa, ou seja, são estruturados em parágrafos e possuem início, desenvolvimento e fim. Dados tais atributos, partimos então para um exemplo de artigo de opinião, sob a autoria de Lya Luft, colunista da revista Veja.


Disponível em:

https://brasilescola.uol.com.br/literatura/poesia-poema-prosa.htm

Acesso em 14/04/2021 - 10h45


132 Palavras usadas ou relacionadas com poesia


poesia, ou texto lírico, é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos ou críticos, ou seja, ela retrata algo em que tudo pode acontecer dependendo da imaginação do autor como a do leitor.

Algumas palavras ou expressões estão habitualmente relacionadas com este tema – a chamada função poética.

Assim, e para estender o seu vocabulário, eis o conjunto de termos relacionados com poesia:

acento, acentuação, acróstico, aedo, amorosidade, antiestrofe, antissátira, assonância, atrativo, bardo, batida, cadência, cancionista, cantar, cantata, cantiga, canto, canto genetlíaco, cantor, canção, carne, cisne, compasso, concordância, concórdia, conquistador, consonância, copla, coro, costas, criador, crooner, cântico, dístico, elegia, encanto, epicédio, epigrama, epitalâmio, epitáfio, epopeia, epítase, esloca, esparsa, estribilho, estro, estrofe, estância, eufonia, glosa, graça, harmonia, hemistíquio, hinista, hino, hinólogo, improvisador, improviso, inspiração, invitatória, invocatória, invocação, lamentação, laureado, linha, lírico, medida, melodia, menestrel, metrificador, metro, monóstrofe, monômetro, mote, musa, métrica, música, nona, nênia, ode, oitava, persistente, piscatória, plectro, poema, poema heroico, poema épico, poemeto, poeta, prosódia, pé, quadra, quarteto, quinteto, quintilha, rapsodo, refrão, refrém, regularidade, repentista, rima, rima rica, rima soante, rimador, ritmo, rípio, salmo, seresteiro, sexteto, sextina, silo, silva, som, sonetista, sonho, sátira, terceto, treno, trova, trovador, troveiro, trovista, vate, versalhada, versaria, versejador, versificador, versificação, verso, vilancete, vilancico, vocalista.

Disponível em:

https://portuguesaletra.com/artigos/132-palavras-usadas-relacionadas-com-poesia/

Acesso em 14/04/2021 - 10h20


Recursos da linguagem poética


Métrica, ritmo e rima são alguns dos recursos inerentes à linguagem poética.

Os versos drummondianos, adornados de rara beleza, muito nos revelam acerca da arte do fazer poético, ressaltando:
[...]
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.


A última estrofe parece traduzir o sentido único da discussão que ora nos propomos a traçar, haja vista que estamos nos referindo tão somente à linguagem poética, aquela em que o artista, lançando mão da matéria-prima que constitui seu labor, cria, reconstrói uma realidade, por meio de um trabalho especial com a própria palavra.

Assim, Cassiano Ricardo já dizia que a poesia é uma ilha cercada de palavras por todos os lados, mas que, no entanto, segundo Drummond, se ermas de melodia e conceito elas se refugiam na noite, rolam num rio difícil.

Esse trabalho especial com a linguagem se dá por meio de uma criteriosa seleção e combinação de sons, de ritmo, de melodia. Aspectos estes que se manifestam, sobretudo, pelo uso de alguns recursos considerados formais, dada a presença também de outros, de ordem estilística. Nesse sentido, certifiquemo-nos de alguns deles, levando em conta os principais aspectos que os norteiam:

Métrica

Escandir um verso significa medi-lo de acordo com o número de sílabas poéticas que apresenta. Sílabas estas em que nada se assemelham com as sílabas gramaticais, visto que na escansão o verso é considerado como um todo, como se fosse uma única palavra. Dessa forma, as sílabas são separadas de acordo com a intensidade com que são pronunciadas, sendo que a contagem se encerra sempre na última sílaba tônica. Havendo o encontro de duas vogais átonas, ocorrerá uma espécie de ditongo dentro do verso – o que permite que elas pertençam a uma única sílaba.

De acordo com o número de sílabas que apresentam, os versos recebem distintas classificações, sendo elas assim materializadas:

Monossílabos
Dissílabos
Trissílabos
Tetrassílabos
Pentassílabos (ou redondilha menor)
Hexassílabos (heroico quebrado)
Heptassílabos (redondilha maior)
Octossílabos
Eneassílabos
Decassílabos (medida nova)
Hendecassílabos
Dodecassílabos (ou alexandrinos)


Assim, constatemos na prática como se dá a escansão de um verso, apoiando-nos em alguns deles, por sinal bastante conhecidos:

Mi/nha/ ter/ra/ tem/pal/mei/ras (Gonçalves Dias)
1     2     3    4     5     6     7

Constatamos, portanto, que este se trata de um verso heptassílabo, o qual se constitui de sete sílabas poéticas.

Al/ma/ mi/nha/ gen/til /que/ te/ par/tis/te (Camões)
1   2      3    4       5    6    7     8    9    10

Dez sílabas poéticas, logo, decassílabo.

Ritmo

Contextualizando-nos à época modernista, verificamos que muitas das criações ali presentes são destituídas de métrica (versos livres), bem como de rimas (verso bancos). Mas não há como negar: um poema pode perfeitamente ser constituído de tais aspectos, a depender da época em que foi construído, mas o que ele não pode deixar de ter chama-se ritmo – a grande marca desta modalidade textual. Ele, por sua vez, é determinado pela alternação uniforme de sílabas tônicas (fortes) e não tônicas (fracas), dispostas em cada verso de uma composição poética, bem como pelos recursos utilizados pelo poeta e pela forma como ele os organiza dentro de seu texto, com vistas a produzir o efeito desejado com a mensagem. Assim, podemos dizer que cada poema possui um ritmo próprio, tendo em vista as intenções a que se deseja obter com a mensagem. No intuito de atestá-las, verifiquemos as palavras de Manuel Bandeira, presentes na Canção do vento e da minha vida:

O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.
[...]


Temos que a presença da aliteração, caracterizada pela repetição do fonema /v/, revela-nos o som decorrente do ato de varrer.

Rima

Considera-se que a rima em muito demarca o ritmo do poema, conferindo-lhe a musicalidade e a melodia necessárias. A rima se caracteriza pela semelhança sonora das palavras, podendo ser retratada no final ou no interior dos versos e em posições variadas. De acordo com essas posições, as rimas podem se apresentar como:

Alternadas (ABAB):

Lembrança de morrer (Álvares de Azevedo)

Se uma lágrima as pálpebras me inunda, A
Se um suspiro nos seios treme ainda, B
É pela virgem que sonhei!... que nunca A
Aos lábios me encostou a face linda! B


Interpoladas ou cruzadas (ABBA):

Soneto de fidelidade (Vinícius de Moraes)

De tudo, ao meu amor serei atento A
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto B
Que mesmo em face do maior encanto B
Dele se encante mais meu pensamento A

[...]


Emparelhadas (AABB) e mistas, apresentando outros tipos de combinações

Vagueio campos noturnos A
Muros soturnos A
Paredes de solidão B
Sufocam minha canção B

Ferreira Gullar

Disponível em:

https://www.portugues.com.br/literatura/recursos-linguagem-poetica.html

Acesso em 14/04/2021 - 10h20


Pequeno glossário da literatura

 

 

Termo
Descrição
Aliteração
Repetição de sons idênticos ou semelhantes num mesmo verso ou ao longo de uma estrofe. É um recurso que intensifica a musicalidade dos versos e foi muito explorado pelos poetas do Simbolismo, sobretudo por Cruz e Sousa.
Ambiente
O ambiente é o cenário por onde circulam personagens e onde se desenrola o enredo. Em alguns casos, a importância do ambiente é tão fundamental que ele se transforma em personagem.
Anáfora
Repetição de termos ou frases no início dos versos de um poema.
Anástrofe
Inversão da ordem natural das palavras correlatas.
Antítese
Recurso de estilo em que se contrapõem palavras ou frases de sentido antagônico, de modo a tornar mais expressiva a oposição de idéias.
Apólogo
Breve narrativa que expressa uma mensagem de fundo moral. Muito próximo da fábula e da parábola, a distinção entre essas formas é assim explicada por alguns autores: no apólogo, as personagens seriam objetos inanimados; a fábula apresentaria como personagens animais irracionais e a parábola seria protagonizada por seres humanos. Em todas essas formas de narrativa, porém, está presente a intenção de transmitir ao leitor uma mensagem moral.
Auto
Breve peça de conteúdo religioso ou profano, geralmente em verso, que se originou na Idade Média. Em Portugal, alcançou seu apogeu na obra de Gil Vicente, no século XVI. No Brasil, José de Anchieta o empregou em sua missão de catequese do indígena e educação religiosa do colono. Em nossos dias, é praticado muito esporadicamente, merecendo destaque o Auto da Compadecida (1959), de Ariano Suassuna.
Bucolismo
Tendência poética referente às obras que fazem o elogio da vida campestre. Essas poesias são também chamadas de pastoris, porque nelas os pastores são presenças constantes. O bucolismo foi uma das características da poesia arcádica.
Cantiga
Breve composição poética feita para ser cantada. Na literatura portuguesa, as cantigas desenvolveram-se principalmente durante os séculos XII, XIII e XIV, constituindo o movimento poético conhecido por Trovadorismo. Essa denominação, aliás, deriva de trovador, nome dado ao autor das cantigas. Quanto ao assunto, as cantigas podiam ser: líricas (cantigas de amor e de amigo) e satíricas (cantigas de escárnio e de maldizer). As coleções de cantigas que restaram dessa época dá-se o nome de Cancioneiros.
Carpe Diem
- "Colhe o dia", exortação de Horácio, poeta latino da época do Imperador Augusto; foi o lema persuasivo do galanteio e da conquista dos corações femininos, na medida em que chama a atenção para a perecibilidade da beleza, a morte de tudo; o carpe diem foi uma forma indireta de negaceio amoroso.
Clichê
Frase ou expressão que, de tanto ser usada, perdeu sua beleza primitiva, tornando-se completamente banal. É um defeito de estilo que deve ser evitado pois empobrece e vulgariza o texto. Também pode ser considerado clichê o final feliz de muitas obras literárias, e sobretudo de fotonovelas ou telenovelas. O clichê pode ser chamado também de lugar-comumfrase feita chavão.
Comédia
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil e geralmente critica os costumes de um determinado povo ou época.
Conceptismo - Barroco
Tendência para a especulação aguda de idéias, para a criação de conceitos novos; é um tipo de barroco oposto ao cultismo, que se caracteriza pelo refinamento das imagens, tons e forma.
Conotação
Carga lírica das palavras, a capacidade que elas têm de lembrar e sugerir idéias e associações, visões e imagens, através de imitações sonoras, empatias, derivações, graças à experiência pessoal ou grupal ou universal, de modo a justificar a asserção de Thierry Manier: "A atividade específica do poeta não é despertar em si uma porção de fantasmas para os envolver em palavras, e sim provocar nos outros a aparição do maior número possível de fantasmas que as palavras possam trazer consigo". A conotação é um recurso da linguagem lírica, ao contrário da denotação que se presta melhor à linguagem científica.
Cultismo - Barroco
Tendência ao emprego de figuras refinadas; escola barroca que cultivou o requinte temático (descrição de objetos preciosos ou encarecimento de objetos que tenham alguma importância circunstancial). O cultismo é uma degeneração tardia do barroco peninsular, ocorrida especialmente na América Espanhola e no Brasil.
Denotação
Qualidade específica das palavras que designam, sem dubiedades nem associações, um só e único significado, válido em qualquer contexto. É o contrário da conotação.
Didático
Um gênero não definido como literário, pois é despido de arte ou ficção. Uma técnica para se transmitir conhecimentos.
Eco
Efeito sonoro resultante da recorrência de sons idênticos ou semelhantes no final de várias palavras de um texto. Em prosa, deve ser evitado porque provoca efeito desagradável, mas em poesia constitui autêntica rima interna, transmitindo grande musicalidade aos versos.
Tipo de composição poética que constitui geralmente um canto lamentoso e triste.
Enredo
É a própria estrutura narrativa, ou seja, o desenrolar dos acontecimentos.
Épica
Composição poética em que se revela a intenção do autor de "abranger a multiplicidade dinâmica do real físico e espiritual numa só obra, numa só unidade". Contrariamente à lírica, que se restringe à expressão dos sentimentos do "eu".
Epopéia
Tipo de poema épico em que se cantam os feitos gloriosos de um povo, constituindo, portanto, uma exaltação da nacionalidade. A obra Os Lusíadas (1572), do poeta português Luís Vaz de Camões, representa a melhor realização de uma epopéia em língua portuguesa.
Estribilho
Verso ou conjunto de versos que se repetem após uma ou mais estrofes de um poema. Pode ser chamado também de refrão.
Estrofe
Nome dado a cada grupo de versos que compõem um poema. De acordo com o número de versos que contêm (de 2 a 10), as estrofes recebem os seguintes nomes: dístico, terceto, quarteto ou quadra, quinteto, sexteto ou sextilha, sétima, oitava, nona, décima ou década.
Farsa
Pequena peça teatral, de caráter ridículo e caricatural, que critica a sociedade e seus costumes.
Ficção
Vem do latim "fictionem" e significa "ato ou efeito de fingir, e simular". É o produto da imaginação, da invenção. Podemos classificar uma narrativa de ficção em verossímil ou inverossímil: se a ficção guardar pontos de contato com a realidade, se o evento parecer verdadeiro ou provável, será verossímil; caso contrário, se parecer improvável, absurdo, sem contato com a realidade, será inverossímil.
Flashback
Técnica narrativa que consiste em contar a ação do presente para uma volta ao passado, numa espécie de retrospectiva. Cria-se, dessa forma, uma situação narrativa com dois planos temporais: um no presente e outro no passado.
Foco narrativo
Designa aquele que narra a história num conto, novela ou romance. O estudo do foco narrativo esclarece o leitor a respeito do ponto de vista a partir do qual é feita a narração. Quando o narrador é uma das personagens, dizemos que o foco narrativo é em primeira pessoa; quando não é uma das personagens, estando, portanto, fora da história, dizemos que o foco narrativo é em terceira pessoa.
Fusionismo - Barroco
É a fusão de aspectos sensoriais ou ideacionais (fusão de luz e treva, de sons, do irracional com o racional, etc.).
Gongorismo - Barroco
Estilo literário espanhol da época barroca; nome empregado pejorativamente, já que deriva de Gôngora, um dos maiores poetas barrocos; exagero no emprego das metáforas engenhosas e nos trocadilhos; abuso das soluções difíceis e complicadas. Na série de equívocos suscitados pelo Gongorismo, houve o hábito didático de classificar autores e obras, opositivamente, em cultistas e conceptistas, conforme o predomínio de palavras concretas ou abstratas. Como características secundárias do Gongorismo pode-se, apontar a mitologia clássica como fonte principal de temas e motivos, e a utilização cumulativa das figuras de retórica. No Brasil são duas as vozes gongoristas que merecem menção: Manuel Botelho de Oliveira (1636 - 1711) e Sebastião da Rocha Pita (1660 - 1738).
Hipérbato
Figura de sintaxe que consiste na inversão violenta da ordem natural das palavras; decorre da imitação da sintaxe latina, onde as palavras não precisam ocupar um lugar definido no discurso, uma vez que seu sentido é plenamente captável. Sem os recursos flexionais do latim clássico, a língua portuguesa e espanhola têm certos limites de tolerância no desarranjo de termos, que os cultistas muitas vezes ultrapassaram.
Hipérbole
Figura de linguagem em que se realça uma idéia por meio de uma afirmação exagerada.
Humanismo - Barroco
É um conceito central do Renascimento. Consiste em tomar o homem total como objeto e inspiração da arte; valorização absoluta da idéia de homem. Na Era Barroca o humanismo é um conceito em crise.
Imagem
Frase ou locução representativa ou sugestiva de emoção, sentimento, idéia ou conceito. A estrutura lingüística da imagem apóia-se na "comparação" entre os significados explícitos dos vocábulos e os implícitos que o poeta atribui às suas vivências ou motivações subjetivas.
Lira
Tipo de composição poética de caráter sentimental que geralmente apresenta um estribilho após cada estrofe. Destacam-se, na literatura brasileira, as liras escritas pelo poeta arcádico Tomás Antonio Gonzaga (1744 - 1810) em seu livro Marília de Dirceu.
Lírico
A Lira é um instrumento musical que acompanhava os cantos dos gregos. Daí nasce o termo lírico que vem denominar um gênero literário introspectivo e voltado às emoções e subjetividades. A lírica é uma expressão emocional do eu. Apóia-se em subjetividades, sentimentos. Os textos poéticos ou em prosa do gênero lírico centram-se na primeira pessoa do singular.
Maneirismo
Forma tardia de Renascimento, espécie de estilo pré-barroco, caracterizado por seu experimentalismo formal, porém sem o impressionismo e o realismo que serão as características do barroco.
Marinismo - Barroco
Influência da lírica barroca italiana, começada por Marino.
Metáfora
Recurso de estilo que consiste em associar a um elemento características que não lhe são próprias, enriquecendo-lhe o significado e revestindo-o de uma carga poética especial. A metáfora é um tipo especial de comparação, em que estão ausentes as partículas como, assim como e outras. Podemos falar ainda em linguagem metafórica quando queremos nos referir a uma linguagem rica em significados e associações.
Metáfora - Barroca
Figura que consiste em empregar um termo com dupla alusão. Toda metáfora é um pequeno mito, pois o que ela diz - tomado ao pé da letra -, é um absurdo. Uma das grandes revoluções operadas pela poética barroca foi o aparecimento das metáforas erótico-anatômicas que associavam o amor ao prazer e a natureza à mulher. Por vezes, a técnica barroca construía uma verdadeira constelação de metáforas. A esse conjunto metafórico alguns autores chamam alegoria.
Métrica
Também chamada de versificação, é a medida do verso, isto é, a contagem das sílabas poéticas que compõem um verso. Para se estabelecer a métrica dos versos, deve-se separá-los em sílabas poéticas (que são diferentes das sílabas gramaticais), considerando-se apenas até a última sílaba tônica. Além disso, por necessidade de ritmo, muitas vezes o poeta pode lançar mão de vários recursos para abreviar ou alongar as sílabas. A elisão, que consiste na fusão de vogais no encontro de palavras, é um dos recursos mais usados. De acordo com o número de sílabas que contém, o verso recebe o nome de: monossílabo, dissílabo, trissílabo, tetrassílabo, pentassílabo ou redondilha menor, hexassílabo, heptassílabo ou redondilha maior, octossílabo, eneassílabo, decassílabo, hendecassílabo, dodecassílabo ou alexandrino. Na literatura moderna predomina o verso livre, em que não há preocupação de rigor métrico.
Misticismo - Barroco
Deu-se na Espanha, no tempo de prosperidade da Companhia de Jesus. O misticismo é a concentração aguda em Deus, é um ato de fé capaz de provocar o milagre do reconhecimento de Deus. Santa Teresa de Jesus (freira, mística e escritora espanhola, Santa Teresa de Ávila, nasceu em Ávila, em 1515 e morreu em 1582, canonizada em 1622) e São João da Cruz (poeta e prosador místico espanhol, Juan de Yepes, nasceu em Fontiveros, Ávila, em 1542, e morreu em Úbeda, Jaén, a 14/12/1591) são seus melhores representantes na poesia.
Narrativa
Designa um tipo de texto que apresenta o desenrolar de uma ação ou de uma história, num certo período de tempo, com a participação de uma ou mais personagens. Importa considerar ainda que, numa narrativa, podemos reconhecer o tempo da narração, isto é, o momento em que a narração dos fatos é feita, e o tempo da narrativa, isto é, o momento em que os fatos narrados aconteceram. Estes fatos podem ter ocorrido antes da narração ou podem ocorrer simultaneamente a ela; mais raramente poderão ocorrer posteriormente à narração, como é o caso, por exemplo, dos textos em que se fazem previsões ou profecias.
Onomatopéia
Gramaticalmente, é uma palavra cuja formação procura reproduzir certos sons ou ruídos. Em literatura, consiste numa aliteração que tem por objetivo representar sonoramente determinada ação.
Oxímoro
Quando o vigor da antítese resulta numa contradição ou paradoxo, isto é, quando as idéias expressas se excluem mutuamente, temos o oxímoro.
Paródia
Composição literária cujo objetivo é imitar, com intenção satírica ou cômica, o tema ou o estilo de uma outra obra.
Personagens
São os participantes do desenrolar dos acontecimentos; aqueles que vivem o enredo. A palavra personagem tanto pode ser feminina como masculina. O personagem principal de um enredo é chamado protagonista, geralmente é o herói, o mocinho. Há personagens que não representam individualidades, mas sim tipos humanos, identificados pela profissão, pelo comportamento, pela classe social, etc. Os personagens caricaturais têm seus traços ou comportamentos excessivamente realçados no enredo, fixando-lhe os detalhes de forma crítica ou irônica.
Poema
Denominação genérica de uma estrutura verbal em verso. Obra poética. A palavra poesia vale por sinônimo de poema. Os poemas se dividem em diferentes gêneros: épico ou heróico, didático, didascálico, fábula, dramático, lírico, religioso e outros.
Poesia

O termo poesia tem as seguintes conotações:

1. estrutura verbal, também chamada poema, realizada segundo as seguintes exigências:

a) ordenação de frases e respectivos membros em linhas com extensão determinada, denominadas versos;

b) subordinação das palavras, em cada verso, a regras prosódicas, sistematizadas sob a forma de ritmo.

2. Relação emotiva, sentimental ou estética, entre a forma do poema, ouvido ou lido, e a sensibilidade do ouvinte ou leitor.

3. Qualidade própria do poema, que suscita essa relação de cunho subjetivo, caso em que se diz: "esta poesia é poética", "este poema possui poesia".

Preciosismo
Termo com que se designa um trabalho de linguagem exageradamente requintado ou rebuscado. Dizemos que o estilo de um autor é precioso quando ele emprega palavras raras e construções sintáticas pouco usadas. Geralmente costuma-se opor a linguagem preciosa à linguagem coloquial, que é mais comunicativa e espontânea.

Prosa
Diz-se, em oposição à poesia, o texto não escrito em versos, quanto à forma; e, quanto ao tratamento estilístico, a obra não escrita em linguagem lírica.
Prosódia
Parte da Lingüística dedicada ao estudo da pronúncia das palavras em geral; e em especial, para os fins de versificação.
Rima
Repetição do mesmo acento na sílaba tônica da palavra final em versos sucessivos.
Romance
Narração de um fato imaginário, mas verossímil, que representa quaisquer aspectos da vida familiar e social do homem.
Sátira
Composição literária escrita quase sempre em linguagem irreverente e maliciosa, cujo objetivo é ridicularizar atitudes ou apontar defeitos. Na literatura brasileira, merecem destaque as poesias satíricas de Gregório de Matos (1636 - 1696) e o poema incompleto Cartas Chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga (1744 - 1810).
Soneto

Composição poética composta de 14 versos rimados em 2 quadras e 2 tercetos. O soneto pode ser regular e irregular.

Soneto regular é composto em 10 sílabas sonoras em cada uma de seus versos – 2 quadras e 2 tercetos. Atualmente, se aceita o soneto com 3, 14, 15 e 16 sílabas, desde que sejam constantes. As rimas, porém, devem ser sempre 5, cruzadas e encadeadas nas quadras, pareadas e encadeadas nos tercetos.

Tema no soneto regular, desenvolve-se apenas um tema, que é proposto nas 2 quadras e concluído nos tercetos. O tema distribui-se de modo que a sua expressão tenha mais acentuado cunho expressivo ou de maior relevo emotivo nos tercetos. Deve-se evitar nos sonetos os vocábulos polissilábicos, admitindo-se os mais extensos com 3 sílabas.

No soneto irregular alteram-se os esquemas de rimas, utilizando-se versos heterométricos; inverte-se a ordem das estâncias – quadras e tercetos – aumenta-se o número de versos. Soneto invertido: os tercetos precedem as quadras. Soneto caudado: com mais de 14 versos; depois do segundo terceto acrescenta-lhe uma cauda de 2 ou 3 versos. Esta cauda é chamada pelos espanhóis de estrambose.

Tragédia
É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror.
TragicomédiaModalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário.
Verso
Linha escrita, de sentido completo ou fragmentário, que se caracteriza pela obediência a determinados preceitos rítmicos, fônicos, ou meramente gráficos, pelos quais difere das linhas de prosa.

Extraído de www.regina.celia.nom.br


Disponível em:

https://www.spectrumgothic.com.br/literatura/glossario.htm

Acesso em 14/04/2021 - 10h20


Poesia - Versos, estrofes, métrica 

Por: Heidi Strecker 

Poesia visual Versificação 

O que é poesia? 

Qual a diferença em relação à prosa? 

Essas são questões centrais para os estudiosos de literatura. A palavra vem do grego poiésis, criação, fabricação. 

O poema é uma obra de arte e tem valor permanente. 

No poema a seguir, o poeta latino Catulo, traduzido por Haroldo de Campos, cantou o amor. 

Vivamos, minha Lésbia, e amemos, e as graves vozes velhas - todas - valham para nós menos que um vintém. Os sóis podem morrer e renascer: quando se apaga nosso fogo breve dormimos uma noite infinita. Dá-me pois mil beijos, e mais cem, e mil, e cem, e mil, e mil e cem. Quando somarmos muitas vezes mil misturaremos tudo até perder a conta: que a inveja não ponha o olho de agouro no assombro de uma tal soma de beijos. 

Algumas definições de poesia referem-se à emoção, à beleza, à concisão, à perfeição da elaboração poética, ao sintetizar uma experiência universal. 

O escritor italiano Umberto Eco define a poesia de uma forma simples e eficaz: 

"Poesia é aquela coisa que muda de linha antes que a página tenha terminado." 


Escritura contínua 

O verso, portanto, define a poesia, por oposição à prosa - basicamente, é cada uma das linhas que ocupa a poesia. A prosa é uma escrita contínua, sem pausas, métrica ou ritmo. A prosa é o veículo natural das narrativas, como o conto, a novela ou o romance. Apesar disto, certas obras narrativas, como a Odisseia ou a Ilíada, de Homero, foram escritas em versos. 

Também existem poemas em prosa. Embora sejam escritos em prosa, têm todas as características da poesia, como os temas, o estilo e a inspiração. Podemos dizer que o poema é uma obra fechada em si mesma, curta e escrita em versos. 

O poema tem uma relação direta e intensa com a língua em que é escrito; nele, a informação aparece condensada, o significado está tensionado. Segundo o poeta norte-americano Ezra Pound, há três grandes formas de a linguagem se carregar de significado: 

Induzindo correlações emocionais pelo som e pelo ritmo ("melopeia"); 

Trazendo um objeto para a imaginação visual ("fanopeia"); 

Produzindo associações emocionais e intelectuais ("logopeia"). 


Escrita métrica 

O verso é uma escrita métrica. Ele pode ser medido. Nas línguas clássicas, como o grego e o latim, a medida dos versos é indicada pela alternância de sílabas longas e breves. 

Em português, a medida de um verso é indicada pelo número de sílabas que ele apresenta. Os dois primeiros versos do poema Bilhete, do poeta gaúcho Mário Quintana, apresentam dez sílabas, isto é, são decassílabos. 

A contagem das sílabas métricas vai apenas até a última sílaba tônica do verso.

Estrofe 

Um conjunto de versos chama-se "estrofe". Um soneto, por exemplo, é um poema que apresenta quatro estrofes - dois quartetos (estrofes de quatro versos) e dois tercetos (estrofes de três versos). Para conhecer a estrutura interna de um poema, é importante conhecer o número de estrofes e o número de versos em cada estrofe. Os efeitos rítmicos também podem ser obtidos através de rimas, estribilhos, repetições e variações de sons. 

Há uma infinidade de recursos que criam a sonoridade peculiar de um poema. Sons e imagens O poeta se comunica por sons e por imagens. Ele percebe e cria relações entre o que vê, imagina, sente e pensa. Ele estabelece comparações e contrastes e cria imagens e analogias, isto é, procura semelhanças e diferenças entre as coisas. A linguagem poética tem um grande poder de evocação, de criar novas realidades. 

Eu lírico 

Por fim, é importante lembrar que não é o próprio autor que se expressa no poema, mas sim um "Eu poético" ou "Eu lírico". O Eu poético também é uma criação literária, uma ficção. 

Mas afinal o que é poesia? 

O poeta Manuel Bandeira assim se expressou: "Compreendi que a poesia está nas palavras, se faz com palavras e não com ideias e sentimentos, muito embora, bem entendido, seja pela força do sentimento ou pela tensão do espírito que acodem ao poeta as combinações de palavras onde há carga de poesia.".

Disponível em:

https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/poesia-versos-estrofes-metrica.htm



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