quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Orkut


Pois é, ano passado completaram-se 20 anos que nós fizemos a oitava série juntos no Brasílio Machado. Ainda me lembro que um dos últimos episódios foi o de colocarem um objeto de espanto e nojo dentro da pasta de ocorrências. Ninguém quis denunciar o culpado (que também não se entregou) e todos tiveram que assinar uma advertência coletiva. Eu fui o último assinar, e na verdade só o fiz porque a classe toda temia não poder fazer a formatura. A pasta com o tal objeto de espanto e nojo (definição utilizada no registro da ocorrência) foi aberta pela Professora Wanda Paoli Boggian, de Geografia. Trocamos, ela e eu, muitas cartas e cartões postais ao longo dos anos. Depois, a prefeitura trocou o nome da rua da casa dela e eu perdi o contato. Saudades da Profa. Wanda...

Tenho especial saudades do Ricardo. Ele era um dos mais velhos da turma e era um batalhador: trabalhava de feirante (a barraca era dele ou da família). Acho que vendia frutas, não me lembro. Era primo da Edilene e foi criado pelos tios, se não me engano. O Ricardo tinha um monza e nos levava para dar voltas pela Vila Madalena. E pensar que no começo do ano eu o evitei ao máximo, pois tinha uma idéia completamente equivocada sobre ele. Sentei-me na ponta do fundo da sala, o mais longe possível da carteira dele, que era a primeira da fila junto às janelas. No final daquele mesmo ano eu já estava sentado ao lado dele. Perdi um tempo enorme de uma amizade superconstrutiva por erro de julgamento. Mas aprendi a lição e nunca mais a repeti: evitar pré-julgamentos definitivos.

A Lúcia, como toda japonesinha, era bem quietinha e muito aplicada. Uma vez caimos no mesmo grupo para fazer um trabalho. Ela morava na minha rua e eu não sabia (lá na Cardeal Arcoverde). O encontro foi no apartamento dela, se não me engano. Foi uma parceria legal, mas realmente não me lembro que trabalho fizemos juntos. Minha memória está me abandonando com o passar dos anos.

Pasme: a Fernanda Lucente foi minha primeira paixão. Por causa dela eu finalmente venci o medo de dentista e fui, por vontade própria, fazer um tratamento dentário no consultório onde ela trabalhava (Dr. Fernando, um dentista mineiro muito bonito e simpático -- eu ficava de boca aberta sem ele pedir -- também, com aquela camisa aberta até quase a metade do peito...). Ainda bem, pois eu nem fazia idéia de quantas cáries eu tinha (sempre fui muito displicente com isso -- mas depois da salgada conta passei a ser menos. Mais ainda trago os meus dentões daqueles tempos, pois não consegui vencer o tratamento ortodôntico: coisa para pessoas corajosas e disciplinadas como minha amiga Aline). Fernanda e eu, ainda no tempo de escola, trocávamos cartas todas as semanas (e pelo correio!), o que se revelou uma tarefa complicada, pois nos víamos diariamente na escola e semanalmente no consultório. Logo, faltava assunto para tratarmos nas cartas. Assim, passamos a não conversar durante os encontros para termos o que escrever. Pode? E trocamos uma infinidade de músicas e desenhos (pelas cartas, na falta do que escrever).

E o Marcelinho (Campos Barros)? Ele também morava no BNH. Uns quinze anos atrás (talvez mais) eu o encontrei num evento dos Testemunhas de Jeová lá em Ribeirão Pires (um dos meus irmãos estava ingressando na igreja e tentando arrastar os demais). Fui para fazer companhia a eles. Mas foi tão rápido o encontro que mal deu tempo para perguntar se ele ainda morava em Pinheiros. Éramos unha-e-carne. Mas quando brigávamos...

Tem também o Luciano Bandieira Paiva, cujo pai tinha uma loja de pianos (Fritz D-qualquer coisa). O Wellington, cuja família era dona da Florexótica (se não me engano). Um dia ele levou a cobra de estimação para a escola. Foi um auê. Com perdão do trocadilho, exitei, mas acabei passando a mão na cobra dele -- que coisa mais estranha: gelada e viscosa. Depois, me acostumei... E o Javier? Acho que este você não conheceu. Era loirinho e me pagava para fazer desenhos nos quais ele colocava o nome dele e levava para dar ao pai. O motivo até hoje eu não sei. Mas eu recebi 50 dinheiros na época -- uma fortuna para um cara como eu. Disputávamos para ver quem era o melhor em matemática (ele, óbvio). Meu negócio sempre fora História (Profa. Shizuko).

Acho que estou começando a ficar nostálgico...
Na foto, acima, uma parte do Brasílio Machado.

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