segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ladies Lauras

Hoje vi pela primeira vez a foto da recém-falecida mãe do cantor Roberto Carlos, Laura Moreira Braga. Desde muito pequeno eu conhecia a famosa melodia que lhe presta homenagem: Lady Laura. Todas as mulheres da minha família eram fãs do Roberto, de forma que de manhã até a noite era possível ouvir suas músicas em casa.

Logo que conheci Lady Laura, a música, identifiquei-a com minhas mães. Sim, eu tive duas mães.

Minha progenitora, chamada Durvalina, morta em 1987, teve oportunidade de assistir ao vivo os programas dos tempos da jovem guarda que traziam o Rei e seus amigos. Eu sempre ouvia encantado os seus relatos sobre os shows. Por conta disso era, dentre todas, a mais aguerrida das fãs domésticas. E era, para mim, uma lady-laura nata.

Tia Hilda, minha mãe-de-criação, foi identificada como uma lady-laura já quando não morávamos juntos: ela havia mudado-se para a Bahia, depois de mais de 40 anos vivendo em São Paulo. Em uma das regulares visitas que lhe fiz em Bela Vista de Utinga, cidade da Chapada Diamantina, levei um tocador portátil de fita cassete (o famoso walk-man) e algumas fitas. Venci as 8 horas de estrada que separam Salvador de Utinga ouvindo uma coletânea que eu mesmo havia preparado -- e apenas com músicas de Roberto Carlos. Exatamente na volta do interior para capital, sensibilizado por ver minha querida tia envelhecendo longe de mim e agradecido por tudo que ela representava na minha vida, emocionei-me muito ouvindo muitas das músicas e explodi em lágrimas quando o acaso executou nos meus pequenos fones de ouvido a canção que o Rei havia feito para sua mãe.

Engraçado que, antes desse episódio, a música dele que me lembrava tia Hilda era, compreensivelmente, Titia Amélia -- o que comprova uma máxima popular que diz que todo mundo tem uma música do Roberto Carlos que lhe diga respeito.

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