quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Paisagem da janela

Acabei de ouvir a música “Paisagem da janela” -- parece-me que letra e música são do Milton Nascimento. Mas eu acho que a versão que tocou era do Borges (ou do Flávio Venturini). Não importa. O fato é que, involuntariamente, um sentimento nostálgico me transportou para um dos momentos mais mágicos da minha vida: minha primeira paixão (enquanto adulto). Foi rápida, intensa e didática. Foi por um cara mais do que especial, verdadeiramente enviado por Deus. Eu estava mergulhado no ponto mais profundo do oceano das dúvidas existenciais. Então, o inundei de perguntas, de questões, de dúvidas, de curiosidades. Recebi, de volta, carinho e atenção desmedidos. E uma enooooorme paciência. E o que Borges, Milton Nascimento, Beto Guedes, Flávio Venturini têm a ver com isso? Bom, a despeito de serem do Clube da Esquina ou do 14 Bis, eles todos estavam reunidos, na forma de antigas fitas cassetes, numa caixa de SEDEX que chegou-me num mês de fevereiro, lá no longínquo 1997. Tantas foram as vezes que ouvi aquelas fitas cassetes que as músicas se tornaram verdadeiras tatuagens. Naquele tempo a paixão era mais simples: bastava a existência do outro. Hoje, são tantos detalhes, tantas condições. Depois de um certo tempo, depois de um certa idade, apaixonar-se se transformou em algo para os outros: os jovens. Mas ainda resta o amor, condição de maduros.

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