segunda-feira, 18 de junho de 2018

UNIVESP – Curso de Pedagogia - Disciplina: Educação Mediada por Tecnologias I - Semana 6 - Educação no espaço virtual joralimaTEXTO

UNIVESP – Curso de Pedagogia
Disciplina: Educação Mediada por Tecnologias I
Semana 6 - Educação no espaço virtual


joralimaTEXTO


Os objetivos dessa semana são:

1. Entender o que é educação no espaço virtual;
2. Compreender as possibilidades do virtual para a aprendizagem;
3. Refletir sobre o papel do professor perante os diversos acessos à informação.

Vídeo-base - 1
Aplicação dos estilos de aprendizagem em ambientes virtuais

Profa. Daniela Melaré Vieira Barros (Universidade Aberta de Lisboa)

Estilos de aprendizagem e ambientes de aprendizagem. Ambientes de aprendizagens são mais do que os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Há os cenários de aprendizagem. O tema de estilos de aprendizagem não é apenas uma teoria dentro da psicologia. O que são estilos de aprendizagem? Centralidade do estudante na questão. Definição clássica: estilos de aprendizagem são traços cognitivos, afetivos e fisiológicos que servem como indicadores de como os alunos percebem, interagem e respondem a seus ambientes de aprendizagem. Não são uma metodologia e não dizem respeito às inteligências múltiplas. Há várias tipologia e denominações do que sejam estilos de aprendizagem. São a forma como as pessoas aprendem, podem se modificar ao longo da vida, a depender dos contextos (local de trabalho, momento da vida...). Quatro estilos: ativo, reflexivo, teórico e pragmático. Estilos de uso do espaço virtual: forma como as pessoas aprendem no on-line. O termo “uso” aqui pressupõe as ferramentas e as ações das pessoas no virtual. Facilita na hora de organizar estratégias didáticas para os espaços on-line. Estilos de coaprendizagem. As dinâmicas das redes estão voltadas para o trabalho colaborativo. Como as pessoas trabalham e aprendem juntas. As redes proporcionam inúmeras possibilidades, de modo que o grande problema, atualmente, é como as pessoas sistematizam essas possibilidades. Aprender melhor é o grande objetivo da teoria em apreço. Processo de interação pedagógica.


Vídeo-base - 2
Estilos de aprendizagem

Daniela Melaré Vieira Barros

Conceitos, características e elementos. A teoria dos estilos começou nos EUA, na psicologia e no mercado de trabalho. Não são determinantes, podem ser flexíveis. Não são a mesma coisa que os estilos cognitivos. O ponto central é que a teoria não busca identificar no indivíduo qual seja seu estilo predominante, mas sim identificar quais são os estilos não predominantes, pois, a partir disso, será possível ampliar e desenvolver estratégicas pedagógicas para aumentar a competência de aprendizagem da pessoa. Portanto, não serve para rotular a pessoa. Serve para aspectos pedagógicos.
Como se pode identificar o seu estilo de aprendizagem? O meio mais utilizado é um questionário de estilos de aprendizagem, que tem perfil mais social, com identificação pedagógica dos estilos. Convite para preencher o questionário e conhecer o próprio estilo.

Vídeo de apoio
Ensino híbrido – personalização e tecnologia na educação | Fundação Lemann

Animação com locução em off. Personalização e tecnologia na educação. A tecnologia como facilitadora e possibilitadora do ensino. O ensino de um para muitos não considera que os alunos aprendem de maneiras diferentes. No ensino híbrido, há o aprendizado na escola e, também, on-line, com informações personalizadas sobre o aprendizado dos alunos.

Atividade para avaliação

Pensando na sua rotina como estudante, escolha um tema estudado em alguma disciplina do curso até o momento e faça um vídeo de até 5 minutos explicando sua importância para o futuro professor. O objetivo desta atividade é que você vivencie novas formas de ensinar e participar do processo de aprendizado de seus futuros alunos. O vídeo pode ser feito utilizando um aplicativo de edição de vídeo, como o movie maker, ou você pode utilizar a câmera do seu celular. Como o sistema da UNIVESP tem uma limitação de tamanho do arquivo que pode ser enviado, sugerimos que você suba o vídeo no próprio Youtube e suba no AVA um arquivo PDF contendo o link de seu vídeo.

Para a avaliação desta atividade, serão levados em conta:

Clareza na explicação – 3 pontos de 10.
Coesão – 4 pontos de 10.
Construção da argumentação – 3 pontos de 10.

Fichamento de textos

1.

Hugo Assmann. A metamorfose do aprender na sociedade da informação. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 2, p. 7-15, maio/ago. 2000.

Introdução

A espécie humana alcançou hoje uma fase evolutiva inédita na qual os aspectos cognitivo e relacional da convivialidade humana se metamorfoseiam com rapidez nunca antes experimentada. Isso se deve em parte à função mediadora, quase onipresente, dessas novas tecnologias (...). As novas tecnologias não substituirão o professor, nem diminuirão o esforço disciplinado do estudo. Elas, porém, ajudam a intensificar o pensamento complexo, interativo e transversal, criando novas chances para a sensibilidade solidária no interior das próprias formas do conhecimento.

O tema específico deste artigo e os muitos temas conexos

A expansão incrível das linguagens digitais levou ao aparecimento explícito de sua incompletude (...). Em muitos ambientes escolares, persiste o receio preconceituoso de que a mídia despersonaliza, anestesia as consciências e é uma ameaça à subjetividade. A resistência de muitos professores a usar soltamente as novas tecnologias na pesquisa pessoal e na sala de aula tem muito a ver com a insegurança derivada do falso receio de estar sendo superado/a, no plano cognitivo, pelos recursos instrumentais da informática (...). A função do professor competente não só não está ameaçada, mas aumenta em importância. Seu novo papel já não será o da transmissão de saberes supostamente prontos, mas o de mentores e instigadores ativos de uma nova dinâmica de pesquisa-aprendizagem (...). A expressão “sociedade da informação” deve ser entendida como [resumo] (discutível!) de um aspecto da sociedade: o da presença cada vez mais acentuada das novas tecnologias da informação e da comunicação. Serve para chamar a atenção a este aspecto importante. Não serve para caracterizar a sociedade em seus aspectos relacionais mais fundamentais. Do conceito de sociedade da informação, passou-se, por vezes sem as convenientes cautelas teóricas, ao de Knowledge Society (Sociedade do Conhecimento) e Learning Society (Sociedade Aprendente). Em francês alguns falam em Societé Cognitive. []Portanto,] parece haver alguma conveniência para admitir, em português, a expressão sociedade aprendente. Nas teorias de gerenciamento empresarial, alastra-se o discurso sobre learning organisations (organizações aprendentes - cf. Peter Senge e outros).

Em primeiro lugar, é fundamental estabelecer uma distinção clara entre dados, informação e conhecimento. Do nosso ponto de vista, a produção de dados não estruturados não conduz automaticamente à criação de informação, da mesma forma que nem toda a informação é sinónimo de conhecimento. Toda a informação pode ser classificada, analisada, estudada e processada de qualquer outra forma a fim de gerar saber. Nesta acepção, tanto os dados como a informação são comparáveis às matérias-primas que a indústria transforma em bens.

No futuro, poderão existir modelos diferentes de sociedades da informação, tal como hoje existem diferentes modelos de sociedades industrializadas. Esses modelos podem divergir na medida em que evitam a exclusão social e criam novas oportunidades para os desfavorecidos. A importância da dimensão social caracteriza o modelo europeu. Este modelo deverá também estar imbuído de uma forte ética de solidariedade (...). É fundamental considerar a sociedade da informação como uma sociedade da aprendizagem. O processo de aprendizagem já não se limita ao período de escolaridade tradicional (...). O caráter democrático da sociedade da informação deve ser reforçado. Por isso, não é legítimo abandonar os mais desprotegidos e deixar criar uma classe de infoexcluídos. É imprescindível promover o acesso universal à infoalfabetização e à infocompetência

Tecnologias versáteis facilitam aprendizagens complexas e cooperativas

As novas tecnologias da informação e da comunicação já não são meros instrumentos no sentido técnico tradicional, mas feixes de propriedades ativas. São algo tecnologicamente novo e diferente. As tecnologias tradicionais serviam como instrumentos para aumentar o alcance dos sentidos (braço, visão, movimento etc.). As novas tecnologias ampliam o potencial cognitivo do ser humano (seu cérebro/mente) e possibilitam mixagens cognitivas complexas e cooperativas (...). Para evitar mal-entendidos, é importante prevenir: a crítica à razão instrumental continua sendo um desafio permanente. Nada de redução do Lógos à Techné. Mas, doravante, já não haverá instituição do Lógos sem a cooperação da Techné (...). Isto significa que as tecnologias da informação e da comunicação se transformaram em elemento constituinte (e até instituinte) das nossas formas de ver e organizar o mundo. Aliás, as técnicas criadas pelos homens sempre passaram a ser parte das suas visões de mundo. Isto não é novo. O que há de novo e inédito com as tecnologias da informação e da comunicação é a parceria cognitiva que elas estão começando a exercer na relação que o aprendente estabelece com elas (...). Essas coisas devem parecer bastante estranhas, ou não ter nenhum sentido, para quem usa o computador apenas como uma espécie de máquina de escrever incrementada com alguns recursos a mais. Talvez já comecem, porém, a fazer sentido para quem redige textos com abundante manejo de mixagem redacional que inclui deslocamentos de porções de texto, recurso constante a muitos arquivos, abertura de multitelas, uso simultâneo da internet etc. [E] aumentará de sentido para quem é cibernauta, isto é, navegante mais ou menos assíduo da internet, pesquisando com os robôs de busca no ciberespaço transformado em imensa biblioteca virtual escancarada, incrivelmente versátil e cada vez mais ilimitada.

Hipertextualidade: a chance do estudo criativo

Como conceito de conectividade relacional mediada pela tecnologia, podemos definir a hipertextualidade como um vasto conjunto de interfaces comunicativas, disponibilizadas nas redes telemáticas. No interior de cada hipertexto, deparamo-nos com um conjunto de nós interligados por conexões, nas quais os pontos de entrada podem ser palavras, imagens, ícones e tramações de contatos multidirecionais (links). É importante destacar que o hipertexto contém geralmente suficientes garantias de retorno para que os sujeitos interagentes não se percam e se sintam seguros em sua navegação (...). A tecnologia do hipertexto e a sucessiva incrementação de sua dinâmica interna criaram uma enorme facilidade para a pesquisa criativa, porque transformaram os modos de tratar, acessar e construir o conhecimento.

A passagem a um paradigma cooperativo do conhecimento

Um dos aspectos mais fascinantes da era das redes é a transformação profunda do papel da memória ativa dos aprendentes na construção do conhecimento. Mediante o uso de memórias eletrônicas hipertextuais, que podem ser consideradas como uma espécie de prótese externa do agente cognitivo humano, os aprendentes se veem confrontados com uma situação profundamente desafiadora: o recurso livre e criativo a essa ampla memória externa pode liberar energias para o cultivo de uma memória vivencial autônoma e personalizada, que sabe escolher o que lhe interessa; por outra parte, os que forem preguiçosos e pouco criativos correm o risco de absorver passivamente nada mais que fragmentos dispersos de um universo informativo no qual há de tudo (...). As redes funcionam como estruturas cognitivas interativas pelo fato de terem características hipertextuais e pela interferência possível do conhecimento que outras pessoas construíram ou estão construindo. Com isso, o aprendente pode assumir o papel de verdadeiro gestor dos seus processos de aprendizagem.

O agenciamento cooperativo dos campos do sentido

[Segundo] Jo Link-Pezet: “para Piaget, o conhecimento acontece no momento em que o pensamento lógico do racionalismo e a experiência sensorial se encontram em um processo dialético e dinâmico do pensamento, no qual essa dualidade coexiste. Essas duas visões se coespecificam uma a outra em um movimento de vaivém, superando a rigidez do pensamento cartesiano e pondo em evidência a relação constitutiva que existe entre o homem e o seu ambiente, entre o sujeito (que conhece) e aquilo que é conhecido (objeto do conhecimento), entre o homem, seu corpo e sua experiência”. Esta é uma descrição (...) bastante fiel do ponto no qual se estagnou o construtivismo de Piaget (...). Dentro de uma certa continuidade, mas também com alguns lances de ruptura com o pensamento construtivista piagetiano, surgiram várias propostas inovadoras acerca da morfogênese do conhecimento (...). Cabe mencionar agora, de passagem, a direção para a qual se orientam as contribuições do assim chamado pensamento pós-formal. Ele busca abordar certos aspectos que rompem com as concepções racionalistas de construção do conhecimento. A ênfase é posta, agora, nos aspectos aleatórios, nas turbulências neuronais, nas perturbações imprevistas da atenção, nos elementos de indeterminação, enfim, na dinâmica de constante mudança propiciada por novelos de retroalimentação, que acontecem efetivamente em nosso sistema neuronal e que já podem ser simulados parcialmente por máquinas inteligentes.

A experiência da superação da escassez

A experiência da abundância e da liberdade de escolha no que se refere à música, à televisão e que aos poucos se estende também a outras tecnologias informacionais passou a fazer parte do cotidiano de muitíssima gente. Trata-se de um tipo de experiência de superação da escassez. As pessoas com razoáveis ingressos estão expandindo rapidamente esta experiência a vários outros campos (...). Há certamente continuidades, como sói acontecer (p. ex. a “janelização” continua ainda tecnicamente imprescindível para estabelecer conexões (links) telemáticos). O próprio “fim da escassez” é uma característica aplicável apenas a alguns aspectos da cibercultura. Os mitos também fingiam uma certa superação da escassez (p. ex. o mito da redenção). Mas as novas tecnologias nos oferecem acessos não mediatizados por terceiros (sacerdotes, mestres etc.) à superabundância da informação. Queremos explicitar um alerta crítico em relação a um tecno-otimismo desvairado, que geralmente recai em visões gnósticas ou platônicas de um mundo soberanamente auto-organizativo, com escassa previsão de interferência ativa dos sujeitos humanos, alentados por uma sensibilidade social conscientemente cultivada.

Parcerias epistemológicas de alto nível

O problema de fundo é de índole epistemológica e ética. Trata-se do problema do controle humano (e neste sentido, “racional”) das decisões e julgamentos que – como já o velho Kant sabia muito bem – aparecem no interior da própria constituição das formas (da morfogênese) do conhecimento. De que podemos abrir mão, e que não deveríamos delegar jamais, à parceria ativa com máquinas cognitivas? (...). Assim como, na Biônica, se tomaram as funções corporais como modelo para novas técnicas, na Sociônica, se trata da questão de como é possível tomar exemplos da vida social para desenvolver, a partir deles, novas tecnologias computacionais (...). O debate parece deslocar-se explicitamente do plano técnico e operacional (as formas de programação computacional) para o campo das implicações filosóficas, éticas e políticas; ou seja: que tipo de níveis decisórios não podem ser “delegados” à crescente “relativa autonomia cognitiva” dos sistemas multiagentes eletrônicos.

2.

José Moran. Novos desafios na educação: a Internet na educação presencial e virtual. In: Tânia Maria E. Porto (org.). Saberes e Linguagens de educação e comunicação. ed. da UFPel, Pelotas, 2001, páginas 19-44.

Novos desafios na educação

Estão acontecendo mudanças tão profundas na sociedade, que elas afetam também a educação. Nunca tivemos tantas mudanças em todos os campos – na medicina, nas ciências, no comportamento, e, também, na educação. Ela está sofrendo processos sérios de gerenciamento, de avanço do particular e reorganização do público. Está havendo pressão pela educação contínua, pela educação a distância. Isso nos obriga a repensar os modelos pedagógicos que nós temos, aqueles modelos centrados no professor, que começam a mudar, a ser mais participativos. Hoje, começam a se aproximar metodologias, programas, tecnologias e gerenciamento, tanto dos cursos presenciais como dos cursos a distância ou virtuais. Aos poucos a educação vai-se tornando uma mistura de cursos, de sala de aula física e também de intercâmbio virtual. Há um processo de aproximação (...). Nós temos que pensar sobre como dar aula. É desafiador. Não é um modismo, não é algo voluntário e só alguns professores fanáticos irão fazer. Cada um de nós vai, de alguma forma, confrontar-se com essa necessidade de reorganizar o processo de ensinar. Não será tudo a distância, sem contato físico. Nós precisamos do contato, do encontro. Ele é e será sempre superior ao que nós fizermos através de uma câmera. Mas será muito mais cômodo (...). Na escola, na pré-escola, a inserção em ambientes virtuais será feita com muito mais cuidado, vai ser muito mais difícil, no sentido de se ter mais cuidado. A criança tem que aprender a conviver, a estar com os outros, a socializar-se. Então, o foco da educação a distância não será para alunos pequenos. A pré-escola vai incorporar alguns momentos em que os alunos navegarão na Internet, verão outras crianças em outras escolas, conversarão, mas, em geral, eles estarão fisicamente juntos, aprendendo a conviver. Na educação superior e contínua de adultos, a flexibilidade de propostas pedagógicas e tecnológicas será muito mais abrangente.

Educar com tecnologias

O que é educar. A questão fundamental não é a tecnológica. As tecnologias podem nos ajudar, mas, fundamentalmente, educar é aprender a gerenciar um conjunto de informações e torná-las algo significativo para cada um de nós, isto é, o conhecimento. Hoje nós temos inúmeras informações e um conhecimento bem menor, porque estas nos escapam, estão soltas, não sabemos reorganizá-las. O conhecimento é isso. Além de gerenciar a informação, é importante aprender a gerenciar também sentimentos, afetos, todo o universo das emoções. Educar é um processo complexo, não é somente ensinar ideias, é ensinar também a lidar com toda essa gama de sensações, emoções que nos ajudem a nos equilibramos e a viver com confiança. O professor que tem uma atitude de equilíbrio e que inspira confiança, ajuda muito os seus alunos a evoluir no processo de aprendizagem. Ao mesmo tempo, educar também é aprender a gerenciar valores (...). A educação tem sentido se trabalhamos com valores que nos ajudem a nos realizarmos, a sermos felizes – professores, alunos e os demais envolvidos no processo. De que adianta educar somente para o trabalho? Ele é importante, mas tem tanta gente insatisfeita, mesmo ganhando muito! (...). Educar é aprender a gerenciar processos onde, de um lado, você caminha em direção à autonomia, à liberdade. E, de outro, você busca sua identidade. Você deixa uma marca e, ao mesmo tempo, você interage, você consegue viver em sociedade, trabalhar em conjunto. Educar também é aprender a gerenciar tecnologias, tanto de informação quanto de comunicação. Ajudar a perceber onde está o essencial, e a estabelecer processos de comunicação cada vez mais ricos, mais participativos (...). Aprendemos mais combinando de forma equilibrada a interação e a interiorização. As pessoas estão tão solicitadas pela ação externa, que se esquecem de si mesmas, estão todo o tempo navegando, viajando, todo tempo falando com as pessoas, indo de um lugar para outro, estão sempre ocupadas. Então, aprende-se hoje muito pela interação, mas esquecemos que o conhecimento só se faz forte, só se consolida quando o reorganizamos dentro da nossa própria perspectiva, do nosso universo, do nosso repertório, do nosso contexto e, para isso, precisamos ter o nosso tempo, o nosso dia, ter também a capacidade de olhar para nós mesmos, de encontrar tempo para meditar no sentido mais amplo, não somente religioso, e isso muitos adultos e também crianças não o têm (...). O conhecimento também se dá pela interiorização e pela observação integradora. Um dos desafios é como transformar a informação em conhecimento e em sabedoria. Sabedoria é um conhecimento integrado com a dimensão ética.

Ensinar e aprender com a internet

Internet é fácil de aprender, é uma tecnologia legal, você a domina em pouco tempo. Mas a questão humana é um desafio que as tecnologias não conseguem dar conta. A Internet é uma mídia de pesquisa, cuja palavra-chave é a “busca” o “search”. É também uma mídia de comunicação, com ferramentas como o “chat”, o “e-mail”, o fórum. Mas, fundamentalmente, a Internet começa a ser um grande meio de negócios, um espaço onde estão surgindo novos serviços virtuais, on-line (...). As ferramentas de comunicação virtual até agora são predominantemente escritas, caminhando para serem audiovisuais. Por enquanto escrevemos mensagens, respostas, simulamos uma comunicação falada. Esses chats e fóruns permitem contatos a distância, podem ser úteis, mas não podemos esperar que só assim aconteça uma grande revolução, automaticamente. Depende muito do professor, do grupo, da sua maturidade, sua motivação, do tempo disponível, da facilidade de acesso. Alguns alunos comunicam-se bem no virtual, outros não. Alguns são rápidos na escrita e no raciocínio, outros não. Alguns tentam monopolizar as falas (como no presencial), outros ficam só como observadores. Por isso, é importante modificar os coordenadores, incentivar os mais passivos e organizar a sequência das discussões (...). Com as tecnologias, o que muda é o conceito de espaço e de tempo (...). É importante ir planejando e construindo, transformando uma parte das aulas no processo contínuo de pesquisa e de comunicação no qual você equilibra o planejamento com criatividade. Não podemos deixar a aula totalmente solta, tampouco totalmente amarrada. Prever as coisas e, ao mesmo tempo, ir sentindo o momento, as circunstâncias, ligar o conteúdo à vida. Planejar as aulas é, ao mesmo tempo, construí-las com processos participativos.

Utilização de recursos simples da internet

Quais seriam os primeiros passos nas tecnologias ligadas à rede? Primeiro dominar as ferramentas (...). Outra área importante é usar a Internet para pesquisar. Muita gente copia coisas da Internet, então, tem que orientar como pesquisar, que tipo de trabalhos você pede, de forma que não venham as coisas prontas, e orientar... fazer alguns processos de pesquisas coletivas sobre alguns temas fundamentais para o curso.

Avaliação do ensino/aprendizagem com a Internet

O professor precisa ter muita flexibilidade e capacidade de adaptação neste processo. Criar muito, estar atento para ver se está indo tudo bem, mudar a estratégia, as dinâmicas. Às vezes, uma aula no laboratório não está funcionando, trava a rede, tudo fica lento... aí tem que mudar, tem que prever alternativas.

Alguns problemas no uso da Internet

O aluno tem propensão à dispersão, perde muito tempo, abre muitas páginas ao mesmo tempo, nem todas páginas que você quer, muitas que você não quer ao mesmo tempo, faz um hipertexto de navegação muito curioso, dispersivo e confuso, ao menos para um adulto. Confunde também quantidade com qualidade, quantidade de páginas com conhecimento (o mesmo processo de sempre, só que a Internet o torna mais visível). Alguns alunos ainda preferem as aulas tradicionais. Preferem ficar ouvindo, fazendo anotações. Custa-lhes mudar de atitude e por isso criticam o professor que inova. Um outro problema é o deslumbramento dos jovens pelas imagens e sons.

3.

César Coll e Carles Monereo. Psicologia da Educação Virtual: aprender e ensinar com as Tecnologia da Informação e da Comunicação.

4.

Daniela Melaré Vieira Barros. Estilos de uso do espaço virtual: como se aprende e se ensina no virtual? Inter-Ação: Rev. Fac. Educ. UFG, 34 (1): 51-74, jan./jun. 2009.

Introdução

Quando se faz referência a “estilos” pensa-se em amplas possibilidades de ações, identificadas especificamente com o ser humano e suas características individuais (...). O trabalho tem como conceitos básicos: ensino e aprendizagem, estilos de aprendizagem e virtual. Cada um desses três conceitos é claro nas teorias e literaturas específicas; aqui destacaremos somente a compreensão desses termos no contexto desta investigação.

Estilos de aprendizagem

a teoria dos estilos de aprendizagem contribui para a construção do processo de ensino e aprendizagem na perspectiva de uso das tecnologias, pois se apoia nas diferenças individuais e é flexível (...). estilos de aprendizagem não são a mesma coisa que estilos cognitivos e tampouco o mesmo que inteligências múltiplas. Trata-se de teorias e conceitos diferentes que se relacionam (...). Conforme Lopez (2001), os estilos cognitivos são caracterizados como consistências no processamento de informação, maneiras típicas de perceber, recordar, pensar e resolver problemas. Uma característica dos estilos cognitivos é que são relativamente estáveis. Por outra parte, os estilos de aprendizagem se definem como maneiras pessoais de processar informação, os sentimentos e comportamentos em situações de aprendizagem (...). Cue (2007), em um estudo recentemente realizado, definiu estilos de aprendizagem como sendo traços cognitivos, afetivos, fisiológicos, de preferência pelo uso dos sentidos, ambiente, cultura, psicologia, comodidade, desenvolvimento e personalidade, que servem como indicadores relativamente estáveis de como as pessoas percebem, inter-relacionam e respondem a seus ambientes de aprendizagem e a seus próprios métodos ou estratégias em sua forma de aprender.

Aspectos históricos

Segundo Cue (2007), o termo “estilos” começou a ser utilizado a partir do século XX por pesquisadores que trabalharam na distinção das diferenças entre as pessoas da área da psicologia e da educação (...). Em 1951, o pesquisador Klein identificou dois diferentes estilos os quais denominou niveladores e afiladores. Os niveladores tendem a assimilar os eventos novos com outros já armazenados e os afiladores acentuam os eventos percebidos e os tratam com relativa assimilação em relação àqueles já armazenados na memória (...). Em 1976, David Kolb começou com a reflexão sobre a repercussão dos estilos de aprendizagem na vida adulta das pessoas e explicou que cada sujeito enfoca a aprendizagem de uma forma peculiar, fruto da herança, experiências anteriores e exigências atuais do ambiente em que vive. Kolb identificou cinco forças que condicionam os estilos de aprendizagem: a de tipo psicológico, a da especialidade da formação escolhida, a da carreira profissional, a do trabalho atual e a das capacidades de adaptação. Também averiguou que uma aprendizagem eficaz necessita de quatro etapas: experiência concreta, observação reflexiva, conceituação abstrata e experimentação ativa. A partir desses estudos, Kolb (apud ALONSO e GALLEGO, 2002) definiu quatro estilos de aprendizagem e os denominou como: a) o acomodador: cujo ponto forte é a execução, a experimentação; b) o divergente: cujo ponto forte é a imaginação, que confronta as situações a partir de múltiplas perspectivas; c) o assimilador: que se baseia na criação de modelos teóricos e cujo raciocínio indutivo é a sua ferramenta de trabalho; e d) o convergente: cujo ponto forte é a aplicação prática das ideias (...). [Para Kolb,] o ciclo de aprendizagem se organiza pela experiência concreta, passando pela observação reflexiva, pela conceituação abstrata e, por fim, pela experimentação ativa (...). Em 1987, Bert Juch trabalhou junto com outros pesquisadores em um processo denominado ciclo de aprendizagem em quatro etapas: fazer, perceber, pensar e planejar (...). Conforme Alonso e Gallego (2002) existem quatro estilos definidos: o ativo, o reflexivo, o teórico e o pragmático.

O estilo ativo

As pessoas em que o estilo ativo predomina gostam de novas experiências, são de mente aberta, entusiasmadas por tarefas novas; são pessoas do aqui e do agora, que gostam de viver novas experiências. Seus dias estão cheios de atividades: em seguida ao desenvolvimento de uma atividade, já pensam em buscar outra. Gostam dos desafios que supõem novas experiências e não gostam de grandes prazos. São pessoas de grupos, que se envolvem com os assuntos dos demais e se colocam no centro de todas as atividades. Suas características são: animador, improvisador, descobridor, arrojado e espontâneo. Outras características secundárias são: criativo, aventureiro, inventor, vital, gerador de ideias, impetuoso, protagonista, inovador, conversador, líder, voluntarioso, divertido, participativo, competitivo, desejoso de aprender e solucionador de problemas.

O estilo reflexivo

As pessoas com esse estilo gostam de considerar a experiência e observá-la sob diferentes perspectivas; reúnem dados, analisando-os com detalhes antes de chegar a uma conclusão. Sua filosofia tende a ser prudente: gostam de considerar todas as alternativas possíveis antes de realizar algo. Gostam de observar a atuação dos demais e criam ao seu redor um ar ligeiramente distante e condescendente. Suas principais características são: ponderado, consciente, receptivo, analítico e exaustivo. As características secundárias são: observador, recopilador, paciente, cuidadoso, detalhista, elaborador de argumentos, previsor de alternativas, estudioso de comportamentos, pesquisador, registrador de dados, assimilador, lento, distante, prudente e questionador.

O estilo teórico

São mais dotadas deste estilo as pessoas que se adaptam e integram teses dentro de teorias lógicas e complexas. Enfocam problemas de forma vertical, por etapas lógicas. Tendem a ser perfeccionistas; integram o que fazem em teorias coerentes. Gostam de analisar e sintetizar. São profundos em seu sistema de pensamento e na hora de estabelecer princípios, teorias e modelos. Para eles, se é lógico é bom. Buscam a racionalidade e objetividade; distanciam-se do subjetivo e do ambíguo. Suas características são: metódico, lógico, objetivo, crítico e estruturado. As outras características secundárias são: disciplinado, planejador, sistemático, ordenador, sintético, raciocina, pensador, relacionador, perfeccionista, generalizador, busca: hipóteses, modelos, perguntas, conceitos, finalidade clara, racionalidade, o porquê, sistemas de valores, de critérios; é inventor de procedimentos, explorador.

O estilo pragmático

Os pragmáticos são pessoas que aplicam na prática as ideias. Descobrem o aspecto positivo das novas ideias e aproveitam a primeira oportunidade para experimentá-las. Gostam de atuar rapidamente e com segurança com as ideias e projetos que os atraem. Tendem a ser impacientes quando encontram pessoas que teorizam. São realistas quando têm que tomar uma decisão e pô-la em prática. Partem do princípio de que “sempre se pode fazer melhor” e “se funciona, significa que é bom”. Suas principais características são: experimentador, prático, direto, eficaz e realista. As outras características secundárias são: técnico, útil, rápido, decidido, concreto, objetivo, seguro de si, organizado, solucionador de problemas e aplicador do que aprendeu.

Objetivo da teoria

Essa teoria não tem por objetivo medir os estilos de cada indivíduo e rotulá-lo de forma estagnada, mas identificar o estilo de maior predominância na forma de cada um aprender e, com isso, determinar o que é necessário desenvolver nesses indivíduos, em relação aos outros estilos não predominantes (...). As bases da teoria contemplam sugestões e estratégias de como trabalhar com os alunos para o desenvolvimento dos estilos não predominantes. O objetivo é ampliar as capacidades dos indivíduos para que a aprendizagem seja um ato motivador, fácil, comum e cotidiano.

A teoria de estilos de aprendizagem e as tecnologias

A teoria dos estilos de aprendizagem reafirma a necessidade de uso da tecnologia no espaço educativo, como meio de atender à diversidade de aprendizagem e às necessidades que a sociedade atual exige, enquanto competências e habilidades do indivíduo.

O espaço virtual como espaço educativo

Em um simples ensaio de possibilidades, com base em teorias que subsidiam o virtual como Levy (1996) e Horrocks (2004), é possível destacar alguns referenciais para responder a essa pergunta. O primeiro aspecto é como o virtual e seus elementos causam modificações globais em uma diversidade de aspectos influenciadores do ser humano, especialmente a percepção que se apresenta visualmente como um espaço de diversidade de informação e excesso de movimentos, dando à percepção possibilidades de seleção de acordo com os gostos e interesses, prévios ou não. Consequentemente, há uma grande estimulação dos sentidos, ampliando a quantidade de informação que chega ao cérebro, o que requer um tempo necessário para absorção do conteúdo. Um segundo aspecto é a forma como a informação é disponibilizada, podendo estar em forma textual, em um portal, em uma imagem. Dessa maneira, a percepção deixa de ser linear, passa a ser diversificada e assimila-se, ao mesmo tempo, uma infinidade de formatos da informação. Um terceiro aspecto é a interatividade que a informação virtual propicia. Essa interatividade influencia na interpretação dos conteúdos, sons, imagens e estímulos que compõem o emocional de cada um quando utiliza-se dos recursos multimídia (...). A capacidade de adaptação é uma das possibilidades da inteligência, que acontece em relação ao pensamento, a novos requerimentos, como a capacidade psíquica geral de adaptação às novas tarefas e às novas condições de vida. Com a inovação do virtual, a inteligência está em processo de maior adaptação. Segundo os estudos piagetianos, esse processo realiza-se não somente ao moldar o que está posto, mas ao modificar, no pensamento, a forma de assimilar e acomodar as informações (...). A linguagem é um dos elementos primordiais para processar a informação, produzindo-a e reproduzindo-a. O virtual também modificou a forma como esta linguagem está sendo processada e estruturada, pois passou a ser indutiva: uma mistura de palavras e códigos que se tornaram conhecidos e hoje são vistos como símbolos e algo fácil de ser utilizado e entendido (...). A linguagem da web faz uma convergência de linguagens, línguas, símbolos e imagens, que se tornaram elementos de aprendizagem indutiva pela lógica e pela vivência cotidiana. Acessar a internet é muito mais complexo para um analfabeto funcional cultural do que para um analfabeto funcional que tem experiência de vida e de linguagem cotidiana.

Procedimentos metodológicos

O objetivo desta pesquisa foi possibilitar diretrizes para o uso do espaço virtual como espaço educativo, utilizando como referencial os elementos que constituem os estilos de uso do espaço virtual para a aprendizagem. Os objetivos específicos para chegar ao objetivo geral foram: identificar um perfil de usuário do espaço virtual, realizar uma análise a partir do perfil para caracterizar os elementos que podem ser convertidos em ações pedagógicas e definir os estilos de uso do espaço virtual.

Resultados e discussões do estudo realizado

Tem-se como resultados os referenciais analisados. Considerando-se que existem quatro estilos de uso do espaço virtual, pôde-se evidenciar suas tendências e não como algo estanque e padronizado. Com a criação de uma ambiência de uso, há uma perspectiva do indivíduo não somente de ter uma tendência, mas de ampliar as várias tendências existentes, chegando à totalidade das características determinadas. A totalidade, além de caracterizar a ambiência de uso da tecnologia, também possibilita uma série de opções para o desenvolvimento da aprendizagem no espaço virtual.

Considerações finais

A aprendizagem no espaço virtual envolve uma série de elementos que passam pelo conceito e pelas características do virtual (...). O perfil destacado evidenciou alguns aspectos necessários a uma possível contribuição com o processo de ensino e aprendizagem da educação formal (...). os estilos de uso do espaço virtual foram denominados como: estilo de uso participativo no espaço virtual, estilo de busca e pesquisa no espaço virtual, estilo de estruturação e planejamento do espaço virtual e estilo concreto e de produção no espaço virtual.

5.

David P. Ausubel. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva.

6.

Daniela Melaré Vieira Barros; Alexandra Okada; Vani Kenski. Coletividade aberta de pesquisa: os estilos de coaprendizagem no cenário online. Educação, Formação & Tecnologias, 5(2), dezembro de 2012.

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